Suddhodana ficou a pensar sobre o que Asita lhe dissera. Ele não queria que sua família se extinguisse, e disse para si: “Despertarei no meu filho um desejo pelo prazer; então, talvez, terei netos, e eles prosperarão.”
Então, ele enviou (mensagem) para o príncipe, e falou-lhe nestas palavras:
“Meu filho, você se encontra numa idade quando seria bom pensar em casamento. Se há alguma donzela que lhe agrade, diga-me.”
Siddhartha respondeu:
“Dê-me sete dias para considerar, pai. Em sete dias você terá a minha resposta.”
E ele pensou:
Um mal interminável, eu sei, vem do desejo. As árvores que crescem na floresta do desejo têm suas raízes no sofrimento e na contenda, e suas folhas são venenosas. O desejo queima como fogo e fere como uma espada. Não sou daqueles que buscam a companhia de mulheres; minha sina é viver no silêncio dos bosques. Lá, através da meditação, minha mente encontrará paz, e conhecerei a felicidade. Mas o Lótus não cresce e floresce mesmo em meio ao emaranhado de flores do pântano? Não há homens com esposas e filhos que encontram a sabedoria? Aqueles que, antes de mim, buscaram a suprema sabedoria dispenderam muitos anos na companhia de mulheres. E quando o tempo veio para deixá-las pelo deleite da meditação, o fizeram por uma alegria maior. Seguirei seu exemplo.”

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm