“Qual é o pensamento sobre o Céu? Existem lugares tais como o céu dos quatro guardiões e o céu da indiferença-não-indiferença. Se alguém possui a fé, ganha o céu dos quatro guardiões da terra. Eu, também, posso nascer lá. Se (alguém possui os) preceitos, erudição, doação e Sabedoria, alcança o céu dos quatro guardiões e o céu da indiferença-não-indiferença. Eu, também, posso nascer lá. Mas, eu não desejo nascer. Por que não? A impermanência reina lá no céu dos quatro guardiões e [também] no céu da indiferença-não-indiferença. Devido à impermanência, lá existe nascimento, envelhecimento, doença e morte. Por essa razão, eu não desejo nascer lá. Isto é como possivelmente um fantasma enganará o ignorante, mas não o sábio. O céu dos quatro guardiões e o céu da indiferença-não-indiferença são análogos a um fantasma. O ignorante é o mortal comum, mas eu não sou um mortal comum. Certa vez ouvi sobre o céu ‘Paramartha’. Isto se refere ao fato de que os Budas e Bodhisattvas são eternos e não mudam. Por ser Eterno, não há nascimento, envelhecimento, doença ou morte. Envidarei esforços e buscarei – para o benefício dos seres – o Céu ‘Paramartha’. Por quê? Porque o Céu ‘Paramartha’ pode decididamente permitir aos seres erradicar as ‘asvaras’ (impurezas), como no caso da árvore do pensamento, a qual certamente podemos dobrar conforme nossa vontade. Se possuo desde a fé até a Sabedoria, eu posso certamente alcançar esse Céu ‘Paramartha’, e para o benefício dos seres, deve-se pensar e falar bem desse Céu ‘Paramartha’. Esse é o pensamento do Bodhisattva-Mahasattva sobre o Céu. Oh bom homem! Isto é como dizemos que o Bodhisattva não é do mundo. O mundo não conhece, vê e compreende. Mas o Bodhisattva conhece, vê e compreende.”
Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 23 – Sobre Ações Puras 3.

Céu Interior.
“O rústico porque é ignorante, vê que o céu é azul; mas o filósofo porque é sábio e distingue o verdadeiro do aparente, vê que aquilo que parece azul, nem é azul, nem é céu.”
(Padre Antonio Vieira – 1608 a 1697)
Tum-tum, Tum-tum… Não é silêncio é ausência de ar.
Quietude ilusória, aparente, posto que o som, lá está. Só não pode ser percebido.
Tum-tum, Tum-tum…Vap, vup, chuááááá…Disparada do semem (cometa), corrida da vida para vida levar até o seu destino. Assim será! Óvulo fértil (Terra) in ventre sadio, micro Cosmos.
Em posição angular ideal outra nave, (espermatozóide) está pronta para a sua reentrada na atmosfera planetária (concepção). Cálculo perfeito. Pláft!…
Tudo está consumado!
Tum-tum, Tum-tum… Tum-tum, Tum-tum… Tum-tum, Tum-tum…
Um pulso forte, velho conhecido, som familiar não é mais sozinho a pulsar. Outro pulso embora tímido, já começa a tilintar. Pulsa em cadência mais acelerada, retumba, tamborila, agita, manifesta o primeiro sinal da nova vida.
Há movimento!
Composição, fusão, conjugação, Itai Doshin do macro e do micro.
Silêncio de não quietude, movimento, desmembramento, recomeço.
Macro da Grande Mente Criadora. Micro da Mente Fêmea, de Mãe grávida aliadas no preparo cuidadoso dum novo ser.
Conceberam, eu! Ai de mim! Mente atrevida que tudo já pode perceber. Caldo místico da vida, sabedoria inventiva, toque da inteligência que é Divina. Mente que é céu, céu que é usina geradora do criar, do saber, do compreender do amar, sobretudo, o seu semelhante, filhos do mesmo céu.
Céu em mim mesmo, minha mente.
Céu interior.
Céu do Cosmos, inimaginavelmente imenso, vasto, que é de todos.
Céu da minha mente, absolutamente, individual, interno, só meu.
Ai de mim. Ai de mim…
E, entre ambos, céu do Cosmos e o meu, há milhões de outros parecidos, tantos outros.
Céus dos meus irmãos todos. Seres vivos, animados e inanimados, que nas condições de viajantes estelares desfilam livres na vastidão do todo, protegidos, amparados, abençoados por esse magnífico Ser Maior, Universo.
Sérgio de Carvalho e Camargo.
Marcos ,
apenas quero destacar o trecho: “Porque o Céu ‘Paramartha’ pode decididamente permitir aos seres erradicar as ‘asvaras’ (impurezas), como no caso da árvore do pensamento, a qual certamente podemos dobrar conforme nossa vontade.”
Dôra.
Sim, Dôra!
Mas, é necessário desenraizá-la do solo fértil das impurezas. Isto é, erradicar as ‘asvaras’. Caso contrário, ela (a árvore do pensamento) retorna frondosa à sua posição inicial. Requer-se muita, muita vontade.
Obrigado.
Marcos.