Quando o Grande Nirvana é Pregado

“Todos os Monges maldosos dos dias que virão guardarão coisas impuras e dirão para as quatro classes da Sangha que o Tathagata, depois de tudo, entra no Nirvana. Eles lerão aquilo que circula (literatura) no mundo secular e não respeitarão os sutras Budistas. Quando essas maldades aparecem no mundo, o Tathagata deseja acabar com todas as maldades, vida errada, a procura por lucro, e então transmite esse sutra. Saiba que quando o Repositório Hermeticamente Guardado deste sutra desaparecer, o ensinamento Budista, também, desaparecerá. Oh bom homem! O Sutra do Grande Nirvana é eterno e não muda. Como você poderia falar mal dele e indagar: ‘Esse sutra existiu na época do Buda Kashyapa?’ Oh bom homem! Na época do Buda Kashyapa, todas as pessoas eram menos ambiciosas e possuíam mais sabedoria. Era muito fácil ensinar os Bodhisattvas, pois eles eram brandos e maleáveis. Eles possuíam grande virtude; todos eram seguros e firmes. Eles eram como grandes elefantes-rei. O mundo era limpo; os seres sabiam que o Tathagata não entraria definitivamente no Nirvana e que ele era Eterno e Imutável. Embora esse sutra existisse, não era necessário pregá-lo.

Oh bom homem! Os seres desta era têm uma grande quantidade de impurezas. Eles são ignorantes, esquecidos, e não possuem Sabedoria. Eles duvidam demais, não podem ganhar fé, e o mundo é impuro. Todas as pessoas dizem que o Tathagata é impermanente, que ele muda, e que ao final ele entra no Nirvana. Por essa razão, o Tathagata transmite esse sutra. Oh bom homem! O ensinamento do Buda Kashyapa também não acaba de fato. Por que não? Porque ele é Eterno e Imutável. Quando existem seres que vêem o Eu como não-Eu, o não-Eu como Eu, o Eterno como não-Eterno, o não-Eterno como Eterno, Êxtase como não-Êxtase, não-Êxtase como Êxtase, o Puro como não-Puro, o não-Puro como Puro, o que não-acaba como o que acaba, o que acaba como o que não-acaba, pecado como não-pecado, pecado venial como pecado grave, pecado grave como pecado venial, veículo como não-veículo, o não-veículo como um veículo, a Via como não-Via, não-Via como Via, o que é realmente Iluminação como não-Iluminação, o que é realmente não-Iluminação como Iluminação, Sofrimento como não-Sofrimento, a Causa do Sofrimento como não sendo a Causa do Sofrimento, Extinção como não-Extinção, a Verdade como não-Verdade, o que de fato é secular como ‘Paramartha-satya’, ‘Paramartha-satya’ como secular, o refúgio como não-refúgio, a genuína Palavra-do-Buda como palavras de Mara, o que são realmente palavras de Mara como Palavra-do-Buda; nessa ocasião todos os Budas transmitem esse sermão do Sutra do Grande Nirvana.”

Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 23 – Sobre Ações Puras 3.

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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