O Descerrar do Portal do Grande Veículo

O Mestre da Lei Luz Maravilhosa tinha um discípulo naquela
ocasião cujo coração dava lugar à lassidão,

e que tinha grande apego à fama e à fortuna.

Buscando a fama e a fortuna incansavelmente,

ele freqüentemente visitava os grandes Clãs;

ele deixava de lado as suas recitações,

negligenciava, esquecia, e falhava na compreensão delas.

Estas, então, eram as razões pelas quais ele foi chamado ‘Ávido da Fama’.

Mesmo assim, ele também praticou muitas boas ações,

permitindo-lhe encontrar incontáveis Budas,

e fazer oferecimentos para todos eles.

Dessa forma,

ele trilhou o grande caminho e completou os Seis Paramitas.

Agora ele encontra-se com o Leão dos Shakyas[1];

no futuro, ele tornar-se-á um Buda chamado Maitreya,

que salvará amplamente todos os seres,

em número para além de todas as contas.

Após aquele Buda ter passado à extinção,

o indolente era tu[2],

e o Mestre da Lei Luz Maravilhosa,

era eu próprio, agora aqui presente.

Eu vi o Buda Brilho da Chama do Sol e da Lua;

sua luz e presságios eram como estes.

Assim, eu sei que o presente Buda deseja pregar o Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa.

Os sinais presentes são como os presságios do passado,

são meios hábeis dos Budas.

O Buda agora emite essa luz brilhante[3]
para ajudar a revelar o significado do selo real.

Todos agora compreendem,

e com o pensamento único,

juntam as palmas das mãos e esperam;

o Buda fará cair a chuva da Lei,

para satisfazer todos aqueles que buscam o Caminho.

Aqueles que procuram os três veículos,

caso tenham dúvidas ou pesares,

o Buda os removerá agora,

tal que se retirem e não permaneçam na assembléia”.


[1] Uma referência ao Buda Shakyamuni ou ao próprio Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa.

[2] Nessa passagem, sutilmente o Bodhisattva Manjushri coloca o Bodhisattva Maitreya na terceira pessoa e passa a dirigir-se a uma segunda pessoa (Tu). Tu, mortal comum, que agora te encontras diante do Leão dos Shakyas, desejoso de entender o que são esses auspiciosos sinais em versos: “o mestre do Dharma era eu” (este Sutra de Lótus que vos fala), louvado pelo Buda como “o olho do mundo, refúgio para todos, em quem podemos ter fé, capaz de honrar e promover o repositório do Dharma” (Tu).

[3] Uma luz que revela o Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenômenos, que são como defeitos, imperfeições, distorções e discordâncias dentro de um Cristal Perfeito. Pois, tudo o quê se manifesta no mundo fenomenológico, deixa atrás de si um vazio imponderável, ao qual retornará quando a anarmonia que rege o fenômeno da sua existência for eliminada. (20/06/2006 – 17h00min)

Extraído de CAP. 01: INTRODUÇÃO

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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