III – Cristalofísica – Noções e Propriedades
Introdução
Embora tenhamos abordado apenas superficialmente os conceitos básicos do universo material do estado sólido, de posse desses, empreenderemos “viagem” através de uma estrutura cristalina. Escolhamos para nosso veículo o fóton. Nosso universo agora é um conjunto de lugares ordenados ocupados pela essência universal no seu estado energético mais fundamental, ou seja, o “vácuo”. Este campo, como se fosse a matéria em estado potencial, em determinadas condições, tais quais aquelas em que se experimenta a formação de pares de defeitos, libera energia na forma material (em estado de excitação), pela qual, e conseqüentemente, criar-se-iam centros de interferência para o fóton viajante.
Antes de iniciarmos os comentários acerca das “constatações” de nossa viagem, seria interessante lembrar como o tempo parece fluir mais rapidamente quanto menor for a entidade física e, em contraposição, mais lentamente quanto maior for essa entidade. Assim, seria razoável esperar que para pequenas entidades, o fenômeno de aniquilação ou de relaxação do estado material ocorresse em intervalos de tempo relativamente mais curtos, tornando-se o evento observável pelas entidades superiores. Por outro lado, deve-se atentar para a fundamental diferença entre os processos de aniquilação e de degradação dos estados materiais. Enquanto o primeiro segue uma lei de conservação extrínseca à entidade, o segundo segue uma lei de conservação intrínseca à própria função existencial da entidade material.
A teoria de Dirac já foi, de certa forma, comprovada. Segundo a mesma, o Universo seria constituído de duas metades; isto é, de um lado matéria ou estados de energia positivos e, de outro lado, antimatéria ou estados de energia negativa. Em inúmeras experiências onde se produziram antipartículas, pode-se observar a sua aniquilação com seus pares respectivos. Constatou-se que em condições favoráveis, uma partícula ao encontrar o seu anti, para uma determinada faixa de energia, segue-se um processo de aniquilação que tem como produto final a emissão de fótons. Dirac propôs ainda ser contínuo o lado de energia negativa, enquanto o de energia positiva discretizado. O fato de toda a matéria poder converter-se em luz e vice-versa, somado à virtude do fóton não ter anti correspondente, deixa muitas indagações sobre a natureza geral de todo o observável. Por essa razão escolhemos o fóton para nossa nave.
N.Perelomova, M. Taguieva – Problemas de Cristalofísica – Ed. Mir, 1975 – Moscou – URSS.
