“Um daqueles pais pega um, dois, três, quatro filhos e encaminha-os para um rigoroso professor e diz-lhe: ‘Por favor, ensine aos meus filhos bom comportamento, artes, escrita e cálculo. Estes meus quatro filhos estudarão sob seus cuidados. Mesmo que três desses meus filhos morram sob o rigor dos ensinamentos, ensine o último através de quaisquer meios que você pense ser adequado. Eu posso perder os três, mas não me envergonharei.’ Oh Kashyapa! O pai e o professor são responsáveis pelas mortes?” – Buda Shakyamuni no Sutra do Nirvana – A Parábola do Pai Rigoroso.
A bomba atômica foi uma obra dos aprendizes, não dos Mestres. – Marcos Ubirajara em 06/01/2009.

No ano seguinte foi para Manchester, para trabalhar com E. Rutherford. Este, recém-chegado do Canadá, não escondeu sua admiração pelo jovem assistente, definindo-o como “o homem mais inteligente que já tenha conhecido”, sem saber que mais tarde Bohr seria o continuador de sua obra no estudo da interpretação da estrutura do átomo. Rutherford acabara de propor uma nova teoria “nuclear”, baseando-se em experiências sobre o espalhamento de partículas alfa. Para Bohr, o encontro com Rutherford foi decisivo: daí por diante resolveu dedicar-se ao estudo da estrutura do átomo. De fato, Rutherford descobrira que o átomo possui, no centro, um núcleo no qual se concentra praticamente toda sua massa. Os elétrons, descobertos por J. J. Thomson poucos anos antes, localizavam-se ao redor do núcleo. Não se sabia exatamente, porém, como esses elétrons se dispunham e quais suas relações com o núcleo.
Bohr acreditava que, utilizando a teoria quântica de Planck, seria possível criar um novo modelo para descrever o átomo, capaz de explicar a maneira como os elétrons absorvem e emitem energia radiante. Estudando o átomo de hidrogênio, que é o mais simples de todos, Bohr conseguiu, em 1913, formular seu novo modelo: as órbitas não se localizariam a quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário, apenas algumas órbitas seriam possíveis, cada uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do elétron.
A teoria de Bohr, embora tenha sido sucessivamente enriquecida e em parte modificada, representou um passo decisivo no conhecimento do átomo, podendo ser comparada à introdução do sistema de Copérnico em contraposição ao de Ptolomeu. Embora em ambos os casos se tratasse de uma primeira aproximação, foi o aperfeiçoamento dessas hipóteses que possibilitou mais tarde a elaboração de teorias mais precisas.
Assim, graças a Copérnico foi possível compreender o mecanismo do universo em geral e do sistema solar em particular; quanto a Bohr, sua teoria permitiu a elaboração da mecânica quântica partindo de sólida base experimental.
De 1914 a 1916 foi professor de Física Teórica em Manchester. Voltou depois para Copenhague, onde, em 1920, foi nomeado diretor do Instituto de Física Teórica. Finalmente, sua contribuição foi internacionalmente reconhecida quando recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1922, aos 37 anos de idade.
Bohr dedicou-se também ao estudo do núcleo atômico. O modelo de núcleo em forma de “gota de água”, que ele propôs independentemente de Frenkel, foi tratado quantitativamente. O modelo revelou-se muito favorável para a interpretação do fenômeno da fissão do urânio, que abriu caminho para a utilização da energia nuclear. De fato, Bohr notou que durante a fissão de um átomo de urânio desprendia-se enorme quantidade de energia. Notou então que se tratava de uma nova fonte energética de elevadíssimas potencialidades. Justamente com a finalidade de aproveitar essa energia, Bohr foi até Princeton (Filadélfia) para se encontrar com Einstein e Fermi e discutir com eles o problema.
Um ano após ter-se refugiado na Inglaterra, pois encontrava-se em Copenhague quando eclodiu a II Guerra Mundial, Bohr transferiu-se para os Estados Unidos, ocupando o cargo de consultor do laboratório de energia atômica de Los Alamos, onde cientistas do mundo inteiro canalizavam todos os seus esforços na construção da bomba atômica.
Compreendendo a gravidade da situação e o perigo que essa bomba poderia representar para a humanidade, Bohr dirigiu-se a Churchill e Roosevelt, num apelo à sua responsabilidade de chefes de Estado, no sentido de evitar a construção da bomba.
Mas a tentativa de Bohr foi inútil. Em julho de 1945 a primeira bomba atômica experimental explodia em Alamogordo. Em agosto desse mesmo ano, uma bomba atômica destruía a cidade de Hiroxima, matando 66.000 pessoas e ferindo 69.000. Três dias depois, uma segunda bomba foi lançada em Nagasaki.
Em 1945, finda a II Guerra Mundial, Bohr voltou à Dinamarca, sendo eleito presidente da Academia de Ciências. Continuou apoiando as vantagens da colaboração científica entre as nações e para isso foi promotor de congressos científicos organizados periodicamente na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1950 Bohr escreveu uma carta aberta às Nações Unidas em defesa da preservação da paz, por ele considerada como condição indispensável para a liberdade de pensamento e de pesquisa. Em 1957 recebeu o Prêmio Átomos para a Paz. Ao mesmo tempo, o Instituto de Física Teórica, por ele dirigido desde 1920, firmou-se como um dos principais centros intelectuais da Europa.
Bohr morreu em 1962, vítima de uma trombose, aos 77 anos de idade.
Dados bibliográficos obtidos de Sala de Física. Para informações mais completas visite o link indicado.
