A Energia Nuclear e a Paz Mundial – 2a. Parte

2ª. Parte

Acredito que seja o momento de uma séria reflexão sobre nossas convicções. É hora, portanto, de voltarmos ao ponto primordial. Sabemos que a razão, faculdade exercida exclusivamente pelo homem no mundo animal, tem sua expressão máxima na capacidade que o ser humano tem de indagar. O homem, ao indagar a natureza, percebeu fenômenos, funções e vocações do mundo natural. Isaac Newton ao indagar e perceber o fenômeno da gravitação formulou as bases de uma teoria sem a qual os mais modernos desenvolvimentos da tecnologia espacial não seriam possíveis. Maxwell, ao sistematizar os resultados de experiências suas e de seus contemporâneos, formulou a teoria do eletromagnetismo a qual, embora com base empírica, continua em uso nos mais sofisticados dispositivos como, por exemplo, as unidades de leitura e gravação de discos e fitas magnéticas dos mais avançados computadores. Becquerel e o casal Pierre e Marie Curie, observando o fenômeno da radioatividade natural, lançaram a base de um imenso campo de conhecimento que é a Física Atômica e Nuclear.

A enorme capacidade intuitiva de pessoas como Newton, Becquerel, Plank e Einstein; associada a um aguçado senso de observação, abriram caminho para a extraordinária capacidade de análise da estrutura subatômica, dando origem a um novo campo da Física que hoje ocupa muitos dos melhores cérebros vivos: a Física das Partículas Elementares ou Física da Alta Energia.

Dizia-se: “o que Deus uniu o homem não pode separar”.

Desafiando esta condenação, a ciência mergulhou na análise do invisível, aproximando-se mais e mais da verdadeira origem do universo conhecido. Esse avanço pulverizou muitas filosofias e dogmas que hoje não podem mais ser sustentados.

Hoje, com muito mais propriedade, podemos dizer o contrário: “o que Deus separou o homem não consegue unir”.

Comprovadamente, quer no caso da Medicina dos Transplantes, quer no caso da Física das Partículas Elementares, na Físico-Química e em outros campos do conhecimento humano; tudo indica que algo da natureza essencial dos fenômenos é perdido no exato momento em que esse se revela aos nossos olhos. Em outras palavras, o fenômeno torna-se observável pelos métodos racionais da humanidade, apenas e tão somente, na medida em que ele se transforma. O que vemos e medimos, portanto, é o que restou de algo que estava ali.

A rigor, a ciência não descobriu de que é feito o Universo. Toda a experiência está comprometida porque o mundo dos fenômenos observáveis se constitui essencialmente de algo que foi desfeito (a perfeição). A ciência concorda, por outro lado, que na origem de tudo não está uma partícula primordial, mas sim, uma Entidade Primordial que os cientistas convencionaram chamar de campo primordial, ou vácuo primordial, ou nada primordial (7). Ali se unificam todos os fenômenos num todo harmonioso e imponderável que foge à racionalidade humana. Essa recente conclusão da ciência surpreende os Budistas apenas pelo enorme tempo que levou para ser aceita (cerca de 3.000 mil anos, desde a pregação dos primeiros Sutras Mahayana). Esses Sutras Mahayana provisórios incorporam ao conceito de transitoriedade, preconizado pelos Sutras Hinayana, o conceito de não-substância como uma verdade inerente a todos os fenômenos.

Gostaria de propor agora uma inversão de papéis. Ao invés de indagarmos a entidade objetiva dos fenômenos, por que não indagarmos a componente subjetiva manifestada em seus investigadores? Ao invés de por que tudo que sobe, desce? Por que Newton?

Se a ciência já admite que a unificação de todos os fenômenos esteja num campo primordial, o qual foge à racionalidade humana, torna-se muito mais fácil admitir que a sabedoria, manifestada nos gênios de todas as épocas e também nas pessoas comuns, unifica-se igualmente numa entidade que os Budistas já conhecem.

A questão mais fundamental da nossa discussão está aqui. A aplicação dos fenômenos observáveis pelo homem restringe-se ao que a razão humana pode enxergar, e discutiremos sobre as barreiras desta visão restrita mais adiante. A economia baseada numa simples relação custo/benefício se desenvolve sobre uma visão parcial e distorcida da realidade última. O resultado são as aberrações que nos levaram ao impasse da primeira parte desta discussão.

Por exemplo, se admitimos que o fenômeno da radioatividade descoberto por Becquerel existe para fazer bombas atômicas, somos obrigados a admitir também que Isaac Newton veio ao mundo para matar um operário que caia do décimo andar de um edifício em construção; e aí diremos: maldita lei da gravidade!

Quando cada ser humano individual vai assumir a responsabilidade pela paz e pelo bem-estar de toda a humanidade?

Concluindo, gostaria de transcrever parte da escritura “Resposta a Shijo Kingo” de Nitiren Daishonin.

“Pergunta: O quê é a sabedoria de todos os Budas?
Resposta: É a verdadeira entidade manifestada em todos os fenômenos (Shoho Jisso), que Sakyamuni revelou em termos dos Dez Fatores (Junyoze), para levar todas as pessoas à iluminação.

Pergunta: Então, o quê é essa entidade?
Resposta: Nada mais senão Nam-Myoho-Rengue-Kyo. Segundo certo ensino oral do Budismo, a verdadeira entidade manifestada em todos os fenômenos indica os dois Budas, Sakyamuni e Taho. Taho representa todos os fenômenos, e Sakyamuni a verdadeira entidade. Os dois Budas indicam também os dois princípios do Objeto(KYO) e o Sujeito(TI), ou a realidade e a sabedoria. Buda Taho significa Objeto, e Sakyamuni, Sujeito. Embora sejam dois, estão unidos na iluminação do Buda”(1).

A escritura é clara e não necessita de interpretações. Torna-se desnecessário dizer também que a resposta para todos os impasses está na percepção dessa Verdadeira Entidade de Todos os Fenômenos; ou seja, o Nam-Myoho-Rengue-Kyo. Está é a única e verdadeira chance do homem.

A Energia Nuclear e a Paz Mundial – 1a. Parte

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

10 comments

  1. A cada texto que lí em seu blog fiquei mais abismado.
    Sou budista praticante, e (quase) um cientista por “hobby”. E encontrei em suas palavras muitos esclarecimentos a antigas indagações que eu me deparei durante meus estudos.
    Gostaria de poder manter contato contigo. Se possível saber um pouco mais sobre sua formação acadêmica.
    Vou divulgar seu site aos meus amigos de estudo.
    Parabéns, e continue com o excelente trabalho.

    Calorosos Abraços…

    Fred

    É claro Fred que podemos manter contato. Você receberá um e-mail com as referências.

    Sou Bacharel em Física pela PUC-SP, Mestre em Tecnologia Nuclear pelo IPEN-USP com ênfase para Ciência dos Materiais e Física do Estado Sólido. Especializei-me também em Geoprocessamento, mas como autodidata.

    Mantenha contato,

    um abraço,

    Marcos Ubirajara

  2. Não sei o que é URI por isso não preenchi.Nada tenho a comentar nesse momento a não ser a grande ¨desfiança¨que tudo isso que está escrito me propõe que é a de tentar entender um pouco mais deste budismo que sempre me atraiu mas que me parece tão inatingével por vezes.Continuo tentando Perder por WO jamais…Um abraço meu caro.
    Prandini

  3. Oi, gostei muito do seu texto, e concordo em partes , não conheço a filosofia budista, mas sempre tive muito interesse em conhecer, meu campo de atuação é na metalurgia e gosto de assustos como esse tratados no texto; essa colocação de religião, ideologias com a ciência é perfeito… apesar de parecer campos completamente distintos, acretido que estão em busca da mesma resposta, que força é essa? será que é tudo isso regido por um poder maior? por que? por que ? por que? .
    um abraço

  4. A física de partículas liberta-nos da escravidão das “FORMAS”
    As religiões, as culturas, as sociedades do mundo SEMPRE nos condicionaram às FORMAS.
    ” Libertando-nos das formas chegamos à VERDADE SUPREMA.
    A ENERGIA DAS ENERGIAS somos nós mesmos, feitos de ESTRELAS.
    “TEMOS A RESPONSABILIDADE DE SER LUZ ou …

    MARCÃO…( ? ) você é o cara!!!

  5. Jesus disse: A VERDADE TE LIBERTARÁ
    A Física de partículas liberta o Homem, do TEMPO E ESPAÇO
    logo:
    “A FÍSICA DE PARTÍCULAS É A VERDADE”

    Prezado Edu,

    Reflita, comente, indague. A capacidade de indagar é o que difere os
    humanos dos demais seres. Suas contribuições serão valiosas no
    intento de beneficiar a todos os seres indistintamente.

    Obrigado.

    Marcos Ubirajara.

  6. queria uma definisão bem detaba sobre a vida e os denefisios de Isaac Newton!

  7. queria uma definição bem detalhada sobre a vida e os denefisios de Isaac Newton!

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