Naquela ocasião, o Buda disse aos Bodhisattvas, seres celestiais, humanos e membros da Assembléia dos Quatro Tipos de Crentes: “No passado, ao longo de ilimitados kalpas, eu procurei o Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa sem preguiça ou cansaço. Durante muitos kalpas eu fui um rei devotado a buscar a Suprema Iluminação com um pensamento obstinado. Desejando realizar os Seis Paramitas, eu diligentemente pratiquei caridade, sem nunca regatear quer fossem elefantes, cavalos, os sete artigos raros, países, cidades, cônjuges, filhos, serviçais, ou mesmo minha cabeça, olhos, tutano, cérebro, corpo, carne, mãos e pés que eu desse; não poupando mesmo a própria vida”.
“As pessoas daquela época tinham vida ilimitada. Em prol da Lei, eu renunciei a posição de monarca, deixando o governo para um príncipe da coroa. Eu fiz soar o tambor do Dharma, anunciando minha busca pela Lei nas quatro direções, dizendo: ‘A quem puder pregar o Grande Veículo para mim, servirei como um escravo pelo resto da minha vida[1]’!”.
“Naquela ocasião um vidente veio a mim, o rei, dizendo: ‘Eu possuo uma escritura do Grande Veículo chamado o Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa. Se você não me desobedecer, expô-la-ei para você’”.
“Quando eu, o rei, ouvi as palavras do vidente, saltei de alegria. Então, segui o vidente suprindo-lhe de todas as suas necessidades: colhendo frutas, ofertando água, apanhando lenha, preparando comida ou oferecendo meu próprio corpo como um colchão para ele, sem sentimento de cansaço do corpo ou da mente. Em prol da Lei, eu diligentemente o servi por milhares de anos, de tal forma que nada lhe faltasse”.
[1] Este é um voto feito pelo Buda, há incontáveis kalpas no passado, quando, como um Rei, despojava-se de tudo ao procurar o Grande Veículo. Este voto está em plena concordância com a admoestação do CAP. 11 – O Aparecimento da Torre de Tesouro, que diz: “Bons homens, após a minha extinção, quem poderá receber, ostentar, ler e recitar este Sutra?”. Neste presente capítulo, o Rei procura por aquela pessoa quando indaga: “quem puder pregar o Grande Veículo para mim…”. O comportamento dos seres celestiais e humanos que oferecem esmolas àqueles que promovem o Grande Veículo, é como o daquele Rei que viria a ser este Buda Shakyamuni. A isto podemos chamar de consistência do princípio ao fim, ou seja, os herdeiros da Lei de hoje, serão os transmissores da Lei do futuro, bem como os herdeiros do passado são os transmissores de hoje.
Extraído do CAP. 12: Devadatta.
