“Shariputra, semelhantemente àquele velho homem que, vendo todas as suas crianças escaparem corajosamente da casa em chamas para um lugar seguro, e considerando suas posses de ilimitados bens e fortuna, deu a todos os seus filhos uma grande carroça; assim o faz o Tathagata, que igualmente é o pai de todos os seres viventes. Quando ele vê incontáveis milhões de seres viventes usando o portal dos ensinamentos do Buda para fugir do temeroso e perigoso caminho do sofrimento do Mundo Tríplice para atingir o bem-estar do Nirvana, ele tem esse pensamento: ‘Eu tenho uma ilimitada e vasta sabedoria, poderes, coragem, e assim o completo repositório das leis Búdicas. Todos os seres viventes são meus filhos. Darei a todos eles uma grande carroça, não lhes permitindo ganhar a extinção individual, mas fazendo-os transpor a extinção individual obtendo a verdadeira extinção do Tathagata[1]. Tendo escapado do Mundo Tríplice, todos os seres viventes estarão aptos a brincar com os dons da meditação Dhyana, da concentração e da emancipação do Buda, e assim por diante, todos esses dons de uma mesma característica e tipo, apreciados pelos sábios e capazes de produzir o mais puro, maravilhoso e supremo bem-estar”.
[1] Observe-se que quando, acima, o Buda faz a distinção entre os Veículos do Ouvinte, do Pratyekabuda e do Bodhisattva; enquanto os dois primeiros são distintos pela prática individual (para si), o Bodhisattva é distinto pela prática em prol dos seres viventes. Enquanto os dois primeiros buscam a extinção individual, o Bodhisattva transpõe o Grande Portal para a verdadeira e absoluta extinção do Tathagata.
Excerto do CAP. 03 – A Parábola (da Casa em Chamas), pág. 80.

Foto de Marcos Ubirajara. Local: sítio da Dôra em 21/03/2008.
