Assim estava aquela casa:
aterrorizante ao extremo,
com inumeráveis perigos e conflagrações,
uma infinidade de problemas, não apenas um.
Naquela ocasião,
o proprietário da casa estava do lado de fora da porta quando ouviu alguém dizer:
‘Todas as suas crianças, há instantes atrás,
entraram naquela casa para brincar.
Sendo jovens e incautos,
eles se deleitam na brincadeira e apegam-se à diversão’.
Tendo ouvido isto,
o velho homem entrou apavorado na casa em chamas.
Com a intenção de salvá-las,
evitando que fossem queimadas,
ele advertiu suas crianças daquela infinidade de perigos e calamidades:
‘Os espíritos malévolos, os insetos venenosos,
a iminente conflagração,
uma infinidade de sofrimentos, em sucessão,
contínuos e sem interrupção[1].
[1] Eis uma boa descrição do “Inferno dos Incessantes Sofrimentos”. Seu lugar é o Mundo Tríplice; seu caminho é a ampla estrada de seis pistas, quais sejam os seis caminhos da existência, desde os estados da alegria e da tranqüilidade, onde se encontravam as crianças, até os mais baixos estados passando pela ira, animalidade, fome e inferno, todos descritos em detalhes; seus meandros são os três maus caminhos da existência, quais sejam a avareza, a ira e a estupidez; sua metáfora é uma decrépita casa em chamas; e sua saída é a estreita porta, a estrada de uma única pista, qual seja Grande Veículo que o Buda, utilizando-se de um meio hábil, prega como sendo três: Ouvinte (erudição), Pratyekabuda (absorção) e Bodhisattva.
Excerto do CAP. 03 – A Parábola (da Casa em Chamas), pág. 85.
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