O Bosque dos Bambús

No dia seguinte, os habitantes de Rajagriha deixaram seus lares e foram ao bosque; estavam ansiosos para ver o Bem-Aventurado; todos eles o admiraram, e louvaram o seu poder e a sua glória.

Chegou o momento para ele ir ao palácio do rei, mas a estrada estava tão lotada pelos expectadores, que era impossível avançar um passo sequer. Subitamente, um jovem brâmane apareceu diante do Mestre. Ninguém sabia de onde viera. Ele disse:

“O Mestre honrado está em meio ao povo honrado; ele concede a libertação. Aquele que reluz como o ouro chegou à Rajagriha.”

Ele tinha uma voz agradável. Acenou à multidão para dar lugar, e eles obedeceram sem um pensamento de resistência. E ele cantou:

“O Mestre dissipou a escuridão; a noite nunca renascerá; aquele que conhece a lei suprema chegou à Rajagriha.”

“De onde ele vem, esse jovem brâmane com sua voz límpida e doce?”, o povo se perguntou.

Ele continuou a cantar:

“Aqui está ele, que é onisciente, o Mestre Honrado, o Buda Sublime. Ele é supremo no mundo; estou feliz por servi-lo. Não para servir o ignorante, mas para humildemente servir o sábio e para venerar aqueles que são nobres: existe no mundo uma alegria mais sagrada? Para viver numa terra de paz, para realizar muitas obras do bem, para buscar o triunfo da retidão: existe no mundo uma alegria mais sagrada? Para ter habilidade e conhecimento, para amar as ações da generosidade, para trilhar o caminho da justiça: existe no mundo uma alegria mais sagrada?”

O jovem brâmane conseguiu abrir um caminho através da multidão, e levou o Mestre ao palácio do Rei Bimbisara. Então, feito seu trabalho, ele alçou-se da terra, e atingindo o mais elevado dos céus, se desvaneceu na luz. Então o povo de Rajagriha soube que um Deus havia considerado uma honra servir ao Buda e exaltou a sua grandeza.

Bimbisara recebeu o Bem-Aventurado com grande reverência. Ao final da refeição, ele disse-lhe:

“Alegro-me com a sua presença, meu Senhor. Devo vê-lo com freqüência, e frequentemente ouvir a palavra sagrada dos seus lábios. Você deve agora aceitar uma oferenda minha. Mais próximo da cidade do que aquela floresta onde você habita, há um bosque agradável, conhecido como Bosque dos Bambús. É vasto; você e seus discípulos podem viver lá confortavelmente. Eu dou-lhe o Bosque dos Bambús, meu Senhor, e se você quiser aceitá-lo, sentirei que você prestou-me um grande serviço.”

O Buda sorriu com satisfação. Uma bacia de ouro foi trazida, cheia de água suavemente fragrante. O rei pegou a bacia e derramou a água sobre as mãos do Mestre. E disse:

“Assim como essa água derrama das minhas mãos nas suas mãos, meu Senhor, assim possa o Bosque dos Bambús passar das minhas mãos para suas mãos, meu Senhor.”

A terra tremeu: a Lei agora tinha um solo no qual enraizar-se. E naquele mesmo dia, o Mestre e seus discípulos foram viver no Bosque dos Bambús.

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].

Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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