O Buda disse a Kashyapa: “Uma ilustração, oh bom homem! O rei, o ministro e o primeiro-ministro podem desejar promover seus filhos que são corretos no comportamento e refinados no intelecto. Um daqueles pais pega um, dois, três, quatro filhos e encaminha-os para um rigoroso professor e diz-lhe: ‘Por favor, ensine aos meus filhos bom comportamento, artes, escrita e cálculo. Estes meus quatro filhos estudarão sob seus cuidados. Mesmo que três desses meus filhos morram sob o rigor dos ensinamentos, ensine o último através de quaisquer meios que você pense ser adequado. Eu posso perder os três, mas não me envergonharei.’ O Kashyapa! O pai e o professor são responsáveis pelas mortes?”
“Não, Honrado pelo Mundo! Por que não? Por que um sentimento de amor era a base [das suas ações]. O que existe é um desejo de realização, mas não um mau pensamento. Tais ensinamentos serão bem ministrados, e sua extensão será ilimitada.”
“Oh bom homem! O mesmo é o caso com o Tathagata. Ele olha aqueles que transgridem o Dharma como olha seu filho único. Agora, o Tathagata confia o insuperável Dharma Maravilhoso às mãos de reis, ministros, primeiro-ministros, monges, monjas, leigos e leigas. Todos esses reis, ministros, e as quatro classes da Sangha Budista encorajarão aqueles que praticam os ensinamentos Budistas e permitir-lhes-ão gradativamente manter em observância os preceitos morais, as práticas meditativas e a sabedoria. Se houver alguém que fracasse nesses três aspectos (dos ensinamentos) do Dharma e se houver aqueles que são indolentes e que violem os preceitos morais; os reis, ministros, e as quatro classes da Sangha Budista trabalharão duro e recuperarão tais pessoas. Oh bom homem! Poderiam todos esses reis, ministros, e as quatro classes da Sangha Budista serem culpados ou não?”
“Realmente, não, Honrado pelo Mundo!”
“Oh bom homem! Esses reis, ministros e as quatro classes da Sangha Budista não podem ser culpados. Como poderia ser culpado o Tathagata? Oh bom homem! O Tathagata observa a tudo com tal imparcialidade, considerando todas as pessoas como se fossem seu filho único. Chama-se praticante da Via aquele que pratica o pensamento igualitário de um Bodhisattva e aquele que possui o sentimento de quem ama seu filho único. Oh bom homem! O Bodhisattva, praticando assim, obtém uma longa vida e está apto a ver o que aconteceu no passado.”
Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 04: Sobre Longa Vida.
