Também, emancipação é o ‘não-vazio’. O vaso no qual colocamos a água, bebida, leite, creme, manteiga, mel, etc.; pode ser chamado de vaso de água ou algo assim, mesmo quando não há água, bebida, creme, manteiga, mel ou qualquer coisa dentro dele. Além disso, não podemos dizer que o vaso está vazio ou não-vazio. Se dizemos vazio, não pode haver qualquer cor, cheiro, sabor ou tato. Se dizemos não-vazio, o que vemos é que não há nada dentro dele tal como água, bebida ou qualquer outra coisa. Podemos dizer nem matéria [‘rupa’] nem não-matéria [‘arupa’]; podemos dizer nem vazio e nem não-vazio. Se dizemos vazio, não pode haver Eternidade, Felicidade, Eu e Pureza. Se é não-vazio, quem é aquele abençoado com a Eternidade, a Felicidade, o Eu e a Pureza? Assim, poderíamos dizer nem vazio e nem não-vazio. Vazio intuirá [a noção de] que as 25 existências, todas as ilusões, sofrimento, as fases da vida, e todas as ações atuais não existem. Quando não há creme no vaso, podemos dizer vazio. Não-vazio aponta para a Verdade, para aquilo que é Bom, Eterno, Feliz, Eu (Auto), Puro, Imóvel e Imutável. É como no caso do sabor e do tato com relação ao vaso. Este é o porquê de dizermos não-vazio. Em conseqüência, podemos dizer que a emancipação é como no caso do vaso. O vaso quebrará em determinadas circunstâncias. Mas não é assim com a emancipação. Ela não pode quebrar. Aquilo que é indestrutível é a emancipação. A verdadeira emancipação é o Tathagata.
Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 07: Sobre os Quatro Aspectos.
