Retribuições Cármicas na Vida Presente

“Também, além disso, oh bom homem! O Bodhisattva-Mahasattva também sabe e vê. Ele vê que todos os seres (devem) exercitar a conduta do corpo, observar shila [preceitos de moralidade], exercitar a conduta do pensamento e da Sabedoria. Ele vê que uma pessoa que comete ações repletas de maldades na presente vida, ou ações baseadas na cobiça, má-vontade e ignorância, colhem as retribuições cármicas no inferno. Ele vê uma pessoa exercitando bem o corpo, observando shila, cultivando a mente, exercitando o caminho da Sabedoria, e sendo recompensada até certo ponto nesta vida e não caindo no inferno. Como, (através de) essa ação, pode-se obter recompensa na presente vida? Isto surge quando uma pessoa confessa todas as maldades que ela tem feito, se arrepende, e não as comete mais; quando ela se arrepende completamente, faz oferecimentos aos Três Tesouros, e sempre se reprova. Essa pessoa, devido às suas boas ações, não cairá no inferno; mas receberá nesta vida retribuições cármicas tais como dores de cabeça, dor nos olhos, no estômago e nas costas, uma morte prematura, a crítica, a calúnia, chibatadas, prisão ou grilhões, a fome e a pobreza. Ele (o Bodhisattva) sabe que retribuições cármicas leves são recebidas por uma pessoa na presente vida. Isto é sabido. O que ele vê? O Bodhisattva-Mahasattva vê que certa pessoa não pratica a Via seja através do corpo, shila, da mente, e da Sabedoria; e que aquela pessoa perpetra mesquinhas más ações. E todas essas ações provocam retribuições na presente vida. Essa pessoa não confessa suas mesquinhas más ações, não se reprova, não se arrepende, e não sente medo. Essas ações aumentam e ela receberá as suas retribuições cármicas no inferno. Isto é visto.”

Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 22 – Sobre Ações Puras 2.

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

4 comments

  1. Este trecho é muito trágico. mas também pode ocorrer de uma dor de cabeça ser tida como prazerosa, o mesmo sendo dito pra chibatadas. E pode ser tido como o paraíso ser tedioso, ou mesmo como dor de cabeça e chibatadas como sendo o paraíso. De fato, inferno e paraíso estão mais relacionados à forma com que a pessoa reage aos fenômenos.

  2. Sem dúvida, Vitor.

    Lá diz: “Essa pessoa, devido às suas boas ações, não cairá no inferno; mas receberá nesta vida retribuições cármicas…”

    E como colocado, receber as retribuições cármicas nesta vida pode significar a redenção do mundo tríplice, a grande escapada. Então, dores e chibatadas podem ser “muito boas” para aqueles que se propõem a cruzar o mar do nascimento e da morte.

    Grande abraço!

    Marcos Ubirajara.

    1. Quando a pessoa compreende nascimento e morte, não faz sentido cruzar o mar do nascimento e morte.

      1. Vitor,

        Rigorosamente, para quem compreende não há travessia, nem mar, nem nascimento e nem morte. Sequer pode haver “compreensão” daquilo que pertence ao mundo de todos os Budas. Esses são os meios hábeis do Honrado pelo Mundo. Fico por aqui. Está além da minha capacidade (e da minha experiência) aprofundar nessas questões com base em argumentos. Não me proponho a isso.

        Na paz do Dharma!

        Marcos Ubirajara.

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