Thomas Young

English: Portrait of Dr. Thomas Young (1773 – ...
Retrato do Dr. Thomas Young (1773 – 1829). A biografia de Young escrita por Robinson diz (na pág. 233) que o retrato foi pintado após 1822. Young morreu em 1829. (Foto via Wikipedia)

Thomas Young nasceu em 1773, sendo o primogênito de uma família de dez irmãos. Aos quatorze anos de idade já dominava idiomas como o grego e o latin, e estava familiarizado com francês, italiano, hebreu, alemão, árabe, persa, turco e outros idiomas.

Young começou estudar medicina em Londres em 1792, mudou-se para Edinburgo em 1794, e um ano mais tarde foi para Göttingen, Alemanha, onde obteve o grau de doutor em Física em 1796. Em 1797 ele entrou para o Emmanuel College,  em Cambridge. Naquele mesmo ano ele herdaria a propriedade de seu tio-avô, Richard Brocklesby, o que o tornaria independente financeiramente, e em 1799 estabeleceu-se como médico em Londres. Muitos dos seus primeiros trabalhos acadêmicos, Young publicou anonimamente para preservar a sua reputação como um médico.

Em 1801 Young foi nomeado professor de Filosofia da Natureza (com ênfase para a Física) na Royal Institution. Em dois anos ele proferiu 91 palestras. Em 1802 ele foi nomeado Secretário de Relações Exteriores da Royal Society, da qual ele havia sido eleito membro em 1794. Ele renunciou ao seu cargo de professor em 1803, temendo que suas atribuições interferissem em seu exercício da medicina. Suas palestras foram publicadas em 1807 no Curso de Palestras sobre Filosofia da Natureza, as quais contavam com antecipações de suas futuras teorias.

Em 1811 Young tornou-se médico do St. George’s Hospital, e em 1814 ele participou de um comitê nomeado para estudar os perigos envolvidos na introdução geral de gás (para iluminação) em Londres. Em 1816 ele foi secretário de uma comissão encarregada de determinar o comprimento preciso de um pêndulo cujo período fosse exatamente 2 (dois) segundos, e em 181 tornou-se secretário do Board of Longitude e superintendente do HM Nautical Almanac Office.

Em 1827, Young foi escolhido um dos oito colaboradores estrangeiros da French Academy of Sciences. Em 1828, ele foi eleito membro estrangeiro da Royal Swedish Academy of Sciences.

Thomas Young morreu em Londres em 10 de Maio de 1829.

O Legado de Young

Durante séculos, os problemas relacionados com a visão das cores não encontraram mais que soluções e interpretações puramente empíricas. Foi somente por volta de 1801 que o físico e médico inglês Thomas Young formulou, em termos de hipótese, a primeira explicação científica para a sensibilidade do olho humano às cores. Cerca de cinqüenta anos mais tarde, Hermann von Helmholtz, físico e fisiologista alemão, se encarregaria de desenvolver essa hipótese e convertê-la em teoria, que se tomou universalmente aceita.

Segundo a teoria de Young-Helmholtz, a retina possui três espécies de células sensíveis – os cones. Cada uma delas seria responsável pela percepção de uma dada região do espectro luminoso. Essas três regiões seriam o vermelho, o verde e o azul. Estas seriam as cores primárias, que, por combinações, originariam todos os outros tons cromáticos.

Embora a teoria de Young-Helmholtz tenha sido violentamente contestada pelo fisiologista Ewald Hering, em 1872, e, mais tarde, pelos psicólogos L. Hurvich e D. Jameson, ela se ajusta, ainda hoje, aos fenômenos observados.

Youngdescobriu também que o cristalino do olho muda de forma para permitir a localização de objetos situados a diferentes distâncias. Mais tarde, identificaria a causa do astigmatismo: uma irregularidade na curvatura da córnea.

Apesar de ter abandonado a profissão de médico para se dedicar à Física, todo o seu conhecimento sobre o corpo humano viria a ser-lhe permanentemente útil. Com ele, Young conseguiria identificar diversos elos entre os fenômenos luminosos e a visão humana.

Em 1803, Young realizou uma experiência demonstrando que a luz possuía natureza ondulatória. Fez a luz passar por uma abertura estreita e constatou que, num anteparo instalado do outro lado, não surgia simplesmente uma linha nítida, mas sim um conjunto de faixas luminosas de diferentes intensidades. Isso mostrava que a luz sofria difração, tal como ocorria com as ondas sonoras ou as de um lago. Se ela fosse constituída de partículas, esse comportamento seria impossível.

Não contente, porém, Young desenvolveu outro experimento para confirmar seu resultado: fez passar dois feixes de luz por orifícios separados. Ao incidirem sobre um anteparo, resultaram num desenho que apresentava áreas claras entremeadas com outras totalmente escuras. Estas últimas só podiam ser causadas pela interferência de ondas.

Apesar dessas evidências, tais demonstrações foram consideradas insuficientes, por muito tempo, na Inglaterra, até serem complementadas, mais tarde, pelo trabalho de outros pesquisadores europeus.

Em 1807, Young utilizou pela primeira vez a palavra energia com o significado que tem hoje na Física: é a capacidade que um sistema possui de realizar trabalho; no caso de um sistema em movimento, ela é também diretamente proporcional ao produto entre a massa e o quadrado da velocidade, ou seja:

E α mv2,

onde substituído o símbolo de proporcionalidade (α) pela igualdade (=), e a velocidade genérica (v) pela velocidade da luz no vácuo (c), temos:

E= mc2,

que Einstein introduziria na Mecânica Relativista 100 anos depois.

A curiosidade de Young o levou até mesmo a tentar decifrar a antiga escrita egípcia. (Chegou a alguns resultados de fato corretos, embora só o lingüista francês Champollion, alguns anos depois, conseguisse dar conta de tarefa tão complexa). Tal trabalho, porém, não deve ter-lhe parecido estranho: em sua vida, Young estudara mais de dez idiomas e com apenas dois anos de idade aprendera a ler em sua língua materna.

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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