A Verdadeira Entidade de Todos os Fenômenos – 1ª. Parte
Sabemos que o corpo humano, um exemplo familiar, é composto por trilhões de células que se agrupam e se organizam para formar órgãos e executar funções. O código genético, hoje objeto de manipulação do mais revolucionário campo da aplicação científica contemporânea, a Engenharia Genética, encarrega-se de transmitir a essência e também pequenas variações na codificação dessas células, bem como nos arranjos celulares. Como verdadeiros segredos milenares passados de pai para filho, assegurando às espécies singularidades que vão além do aspecto físico (como etnia, compleição e traços fisionômicos), chegando a determinar modos de conduta e padrões de resposta (reações) a certos estímulos; o código genético parece consubstanciar o conceito de inseparabilidade da identidade de uma célula e do conjunto de relações que determinam o seu Padrão de Existência, conceito já empregado aqui para a partícula subatômica e sustentado cientificamente pela Teoria Quântica. A Engenharia Genética comprova a existência de uma espécie de sabedoria portada pelo código genético, passível inclusive de evolução para adaptação das espécies às alterações ambientais, e que é transmitida célula a célula na geração e desenvolvimento de um ser vivo.
Seria impossível identificar uma pessoa se para isso necessário fosse identificar cada célula constituinte do seu corpo. Igualmente impossível seria a tarefa de chamar uma pessoa se para isso fosse necessário estimular cada célula do seu corpo para atender ao apelo. Todavia, as pessoas possuem uma identidade social e um nome. O simples pronunciar do nome de uma pessoa penetra em cada célula do seu corpo, transferindo-lhe um estímulo que provocará uma reação solidária e coordenada para atender ao apelo.
Até aqui, tudo ainda parece muito natural. Mas, seres inferiores como animais e plantas também respondem a um chamado. Corpos materiais como, por exemplo, certas ligas metálicas ressoam com precisão aos estímulos externos (um sino ou um diapasão). Ainda, uma estrutura complexa como a de uma ponte ou a de um edifício pode ruir em resposta a um estímulo externo na sua freqüência de ressonância. As moléculas de um gás, dentro de uma cavidade de um raio laser, recebendo pequenos estímulos na freqüência adequada, podem produzir um feixe de luz polarizada extremamente potente como resposta. Ainda parece muito natural aos olhos da ciência, mas, estamos falando agora de seres “insensíveis”, pedaços de metal, pontes, edifícios, moléculas de um gás dentro de uma cavidade; existe algo mais desconforme e caótico? Mas, essas “entidades” respondem. Teriam uma consciência?
Deixando por ora os “corpos”, vamos pensar em quem os anima. Os estímulos sobre os quais temos falado têm uma mesma natureza: a natureza ondulatória. Uma onda sonora, um raio luminoso ou uma batida cadenciada são simplesmente ondas que se propagam através de um meio. Este é um ponto de suma importância: através de. Mesmo na ausência dos “corpos” visíveis ou palpáveis, as ondas se propagam através de algo, alguma coisa, ainda que não possamos percebê-la ou mensurá-la. Uma das grandezas mais fundamentais da Física é a velocidade aproximada de propagação da luz no vácuo: 300.000 km/segundo, utilizada na definição de ano-luz. Mas, se o vácuo é o nada, então ali a luz se propaga através do quê? Algo que não podemos perceber.
Se nós convivemos tão bem com o “vácuo” ou “algo que não podemos perceber”, e isto hoje é amplamente aceito, podemos retomar a questão dos “corpos” perceptíveis. Quando o Mestre da Lei Nitiren Daishonin afirma em Resposta ao Lorde Soya: “Mundo objetivo é o corpo de todas as leis, a sabedoria subjetiva significa o aspecto de iluminar e revelar o referido corpo.”(4); ele está afirmando categoricamente que o corpo de todas as leis revela-se na presença de um estímulo (a ação de iluminar).
Imagine um poema composto para um tema (intenção) perfeito, que possua a métrica perfeita, que tenha rimas perfeitas, que contenha palavras com sentido perfeito de um idioma perfeito. Adicionalmente, suponha que esse poema tenha um título perfeito, o qual por si só já expresse todo o seu conteúdo. Quando esse poema for declamado por alguém que o conheça, emprestando-lhe uma voz profunda e de longo alcance; esse poema não ressoará como um trovão? Não transmitirá uma emoção e uma energia muito maior do que o simples pronunciar de palavras? Para o ouvinte que já experimentou a emoção de ouvi-lo pelo menos uma vez em outra ocasião; quando simplesmente o título do poema for pronunciado em alto e bom tom, o ouvinte não experimentará a mesma emoção? Não poderá talvez lembrar de todo o poema?
