As Profundas Práticas do Buda

“Grande Força, o Bodhisattva Mahasattva Sem-Desprezo fez oferecimentos a tantos Budas quanto aqueles citados[1]: reverenciando-os, honrando-os e louvando-os; e assim plantando as raízes da benevolência. Mais tarde ele encontrou mil miríades de Budas, e durante a vigência da Lei daqueles Budas, ele pregou este Sutra. Quando seus méritos e virtudes se completaram, ele tornou-se um Buda”.

 “Grande Força, o quê você pensa? Poderia o Bodhisattva Sem-Desprezo ser desconhecido para você? Ele não era outro senão eu mesmo! Não tivesse eu nas vidas anteriores recebido, ostentado, lido e recitado este Sutra, e lhe explicado para outros, não seria capaz de atingir o Anuttara-Samyak-Sambodhi tão rapidamente. Em razão de ter recebido, ostentado, lido e recitado este Sutra na presença dos Budas anteriores, e lhe explicado para outros, eu rapidamente alcancei o Anuttara-Samyak-Sambodhi[2]”.

 


[1] Aqui, “tantos Budas quanto aqueles citados” indica também as pessoas comuns às quais esse Bodhisattva sempre fez reverência. Portanto, servir a um vasto número de Budas, segundo este Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa, significa fazer reverência, honrar e louvar todos os seres. Esta revelação, certamente, constitui um dos mais profundos segredos deste sutra. Encontrar um Buda neste mundo é extremamente raro. Então, como servir a incontáveis Budas para, somente então, atingir a iluminação? Este é um longo caminho que exigiria incontáveis kalpas para se atingir a iluminação. Este Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa, todavia, revela o caminho curto através desta passagem. Servir a incontáveis Budas é uma tarefa que pode ser levada a cabo numa existência momentânea da vida, bastando para isso “enxergar” o Buda que existe inerentemente em todos os seres, reverenciá-lo e louvá-lo. Isto estará sendo feito ao expor e ensinar este Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa por toda a parte, a todos os seres, revelando-lhes que, infalivelmente, tornar-se-ão Budas. Mesmo seres insensíveis, aos quais não cabe ensinar o sutra, poderão ser beneficiados uma vez o sutra lhes seja exposto.

[2] Tão rapidamente em comparação com a necessidade de incontáveis kalpas para se atingir a iluminação através dos três veículos praticados por aqueles monges de grande arrogância. O Veículo Único é o caminho curto seguido pelo Buda Shakyamuni desde o infinito passado.

Extraído do CAP. 20: O Bodhisattva Sem-Desprezo.

Flor de Lotus
Foto de Marcos Ubirajara. Local: Sítio da Dôra em 14/10/2007.

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

2 comments

  1. Olá Marcos,

    As flores de Lotus tiradas no dia 14 no sítio da Dôra têm um brilho muito especil. A foto tem muita força, parabéns por ela.
    O estado de iluminação que o budismo pretende atingir não nos afasta de sermos “humanos”. Às vezes penso nisso. Lembrei-me de uma frase de Bernardo Soares (um dos heterônimo de Fernando Pessoa) que retrata esta ideia ” O homem perfeito do pagão era o perfeito do homem que há; o homem perfeito do cristão a perfeição do homem que não há; o homem perfeito do budista a perfeição de não haver homem”.

    Um grande abraço de Portugal,
    Cristina

  2. Olá Cristina! Como vai?

    Muito profunda esta frase de Fernando Pessoa. Há uma frase de Nitiren Daishonin que diz: “o propósito do advento do Lorde Buda neste mundo estava em seu comportamento como ser humano. Quão profundo! O sábio deve ser chamado humano, e os tolos, animais” .

    um grande abraço.
    Marcos

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