“Oh bom homem! Como você diz, ‘o amor-benevolente realmente acaba com a ira. Se as coisas são assim com a compaixão, podemos dizer (que são) três’. Não faça tal contestação. Por que não? Oh bom homem! Existem dois tipos de ira. Um toma (rouba) a vida; o outro encoraja uma pessoa. Oh bom homem! Em razão disto, como não seriam quatro (ações puras: amor-benevolente, compaixão, intenção amável (alegria simpática) e equanimidade)?
Também, além disso, existem ainda (outros) dois tipos de ira. Um é estar irado com os seres, e o outro com os não-seres. Através da prática do amor-benevolente, afasta-se completamente a ira contra os seres; através da pratica da compaixão, afasta-se completamente a ira contra os não-seres.
Também, além disso, existem (outros) dois tipos de ira. Um está baseado nas relações causais e o outro não está. Através da prática do amor-benevolente, acaba-se com aquela que está baseada nas relações causais; através da prática da compaixão, acaba-se com aquela que não está baseada nas relações causais.
Também, além disso, existem ainda dois tipos de ira. Um é a ira que foi acumulada desde o remoto passado, e o outro é aquela recém adquirida. Através da prática do amor-benevolente, acaba-se com a ira do passado, e através da prática da compaixão, acaba-se com a ira do presente.
Também, além disso, existem ainda dois tipos de ira. Um é a ira das pessoas sagradas, e o outro (é a ira) dos mortais comuns. Através da prática do amor-benevolente, acaba-se com a ira das pessoas sagradas; através da prática da compaixão, acaba-se com a ira dos mortais comuns.
Também, além disso, existem ainda dois tipos de ira. Um é de alto-grau, e outro é de grau-médio. O praticante do amor-benevolente afasta a ira de alto-grau, enquanto o praticante da compaixão afasta a ira de grau-médio. Oh bom homem! Por esta razão, Eu digo quatro. Como você pode me reprovar e falar de três e não de quatro? Assim, oh Kashyapa, nesta Mente Ilimitada, a antítese está em oposição à outra (antítese), e em resumo, temos quatro.”
Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 21 – Sobre Ações Puras 1.