A História de Padmaka

E os músicos ouviram com muita atenção enquanto ele contava a história do Rei Padmaka.

“Certa vez reinou em Benares um rei justo e poderoso chamado Padmaka. Naquela ocasião, uma estranha epidemia subitamente irrompeu através da cidade. Aqueles que foram acometidos ficaram completamente amarelos e, mesmo sob o sol, tremiam de frio. O Rei sentiu piedade de seus súditos, e tentou encontrar uma maneira de curá-los. Ele consultou os mais famosos médicos; distribuiu remédios, e ele mesmo ajudou a cuidar dos doentes. Mas não havia jeito; a epidemia continuou com sua fúria. Padmaka entristeceu. Certo dia, um velho médico veio a ele e disse: ‘Meu senhor, eu conheço um remédio que curará os habitantes de Benares’. ‘Qual é (o remédio)’?, indagou o Rei. ‘É um grande peixe chamado Rohita. Capture-o, e dê um pedaço, não importa quão pequeno, a todos os que estão doentes, e a epidemia desaparecerá’. O Rei agradeceu o velho médico; ordenou que o peixe Rohita fosse buscado nos mares e rios, mas não era encontrado em lugar algum. O Rei caiu em desespero. Às vezes pela manhã ou ao entardecer, ele ouvia vozes lamuriosas clamando do lado de fora das paredes do palácio: ‘Estamos sofrendo, oh Rei; salve-nos’! E ele chorava amargamente. Finalmente, ele pensou: ‘Que bom é a riqueza ou realeza, que bom é a vida, se não posso socorrer aqueles que estão dilacerados pela dor’? Ele chamou o seu filho mais velho, e disse-lhe: ‘Meu filho, lego a você a minha fortuna e o meu reinado’. Então ele ascendeu ao terraço do palácio; ofereceu perfume e flores aos Deuses, e gritou: ‘Alegremente dou em sacrifício uma vida que considero inútil. Que possa o (meu) sacrifício beneficiar aqueles que estão aflitos! Que possa eu tornar-me o peixe Rohita, e que seja encontrado no rio que flui através da cidade’! Então ele atirou-se do terraço e imediatamente reapareceu no rio como o peixe Rohita. Foi capturado; estava ainda vivo quando cortaram-lhe em pedaços para distribuir em meio aos doentes, mas ele jamais sentiu as facas, e estremeceu com amor por todas as criaturas. A epidemia logo desapareceu, e sobre a cidade de Benares, um coro celestial cantou: ‘Foi Padmaka, o Rei sagrado, que salvou vocês! Alegrem-se!’ E todos eles prestaram honras à memória de Padmaka.”

Os músicos ouviram o Mestre, e prometeram seguí-lo, para receber a sabedoria.

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].

Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm

Minha interpretação, ainda sobre Padmaka:

Padma: é o Lótus Vermelho.

‘ka’ ( ) evoca grande compaixão para com todos os seres. O sentimento de um filho surge, como com relação a Rahula. Ele significa ‘maravilhosamente bom’. Portanto, ‘ka’. (Sutra do Nirvana – Capítulo Treze: Sobre as Letras).

Rohita: espécie de carpa rósea encontrada em rios e lagos da Ásia. É considerada uma especiaria em Bangladesh, Nepal e Indian. As comunidades de Maithil Brahmins e Kayastha de Uttar Pradesh a consideram um de seus mais sagrados alimentos, devendo ser comida em ocasiões auspiciosas – Fonte Wikipedia – a enciclopédia livre.

Padma - o Lótus Vermelho
Foto de Dôra em Florença - Itália - em 14/06/2008

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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