A Origem de um Lugar Sagrado

[Conforme narra anteriormente Eric Gordon em seu artigo Towards a Theory of Network Locality, “havia uma entrada secreta para um cemitério-jardim”, a qual era utilizada pelos moradores do bairro para suas caminhadas, pois a entrada principal era muito distante – veja a íntegra do artigo clicando no link acima]. Ainda em seu artigo, lê-se:

“Cultura Local (enquanto conhecimento) comumente é a acepção de costumes, espaços, ou políticas compartilhadas por um grupo de pessoas, com um interesse comum em um determinado espaço (Geertz, 1983). Esse entendimento pode ser tão trivial quanto saber de uma entrada secreta para um cemitério, ou tão significativo quanto práticas religiosas e culturais (enquanto comportamento) nativas. O que liga esses entendimentos à Cultura Local é o fato de que eles são de origem social. Se eu fosse o único que soubesse de uma entrada (secreta) para o cemitério, esse bit de informação seria meramente um segredo. Todavia, o mesmo segredo, coletivamente apreendido por um grupo bem definido, rapidamente torna-se o tecido conjuntivo de uma comunidade local. Torna-se um “Lugar no Mundo – placeworld” (Gordon e Koo, 2008)”.

Onde quer que estejamos, o lugar onde habitamos, nossos familiares, amigos e vizinhos próximos constituem um “Lugar no Mundo”, para onde sempre retornamos após jornadas diárias de trabalho, de estudo, ou de viagens de lazer ou trabalho. No mundo de hoje, para além das fronteiras de uma localidade geográfica, as relações sociais se estendem para limites inimagináveis, aproximando pessoas e costumes num verdadeiro oceano de informações. Muitas dessas informações são como verdadeiras descobertas, algo que gostaríamos muito que familiares e amigos compartilhassem, e assim o fazemos através das redes sociais. São notícias, artigos, palestras, frases, imagens, fotos e vídeos entre outras coisas.

Mas, o que fazemos quando deparamos com os profundos ensinamentos do Dharma Sagrado? Devemos guardar segredo? Não! Devemos alardear descuidadamente por ai? Não, também! Nem uma coisa, nem a outra. Mas sim, o caminho do meio. O que isto está a nos dizer? Está a nos dizer que devemos compartilhar esses profundos ensinamentos com familiares, entes queridos, e outras pessoas de aguçada inteligência que buscam o caminho.

O que aprendemos com o artigo de Eric Gordon é que quando esses ensinamentos deixam de ser segredo, sendo apreendidos coletivamente por um grupo social, eles tornam-se o tecido conjuntivo de uma Comunidade Local. Se esses ensinamentos versam sobre o Dharma Sagrado, então podemos chamar essa “Comunidade Local” de Sangha, e esse “Lugar no Mundo” torna-se Sagrado.

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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