
Em 1902, graças à intermediação do pai do seu amigo Marcel Grossman, que era muito bem relacionado e respeitado na Suiça, Einstein finalmente conseguiu o seu primeiro emprego efetivo: um cargo de perito técnico (de terceira categoria) no Escritório de Marcas e Patentes de Berna, função na qual permaneceu por sete anos – de 1902 a 1909.
Embora medíocre e muito aquém das habilidades de um Bacharel em Ciências do seu quilate, o trabalho no Escritório de Patentes agradava a Albert Einstein: além de ser uma atividade científica, proporcionava-lhe bastante tempo livre para trabalhar as próprias ideias e desenvolver seus cálculos matemáticos – entre os quais a Teoria da Relatividade Restrita -, e lhe pagava um salário razoável: 3.500 francos suíços por ano, quase três vezes a quantia que recebia da família como mesada, enquanto foi estudante.
Respeitado e admirado pelos seus chefes, em breve ele seria promovido ao cargo de perito técnico de segunda categoria e colocado, em abril de 1906, “entre os mais valiosos peritos do Serviço de Patentes” pelo diretor do órgão.
Apesar disso, o fato de Einstein se sujeitar a uma ocupação tão simplória chocava muita gente.
Sensibilizado com a situação, em 1908 seu colega Friedrich Adler escreveria ao pai, um militante político muito bem posicionado na máquina administrativa do Partido Socialista: “Há um homem chamado Einstein que estudou ao mesmo tempo que eu, e seguiu os mesmos cursos que eu segui. Nossa evolução foi bastante semelhante (…); ninguém se sensibiliza com as suas necessidades, ele passou fome durante um certo tempo e durante seus anos de estudos foi tratado com certo desprezo por seus professores da Escola Politécnica; a biblioteca lhe foi fechada (…); ele não sabia como devia se comportar com as outras pessoas. Finalmente, conseguiu um emprego no Departamento de Patentes de Berna e continuou a trabalhar em física teórica, a despeito de todas essas infelicidades. (…) É um escândalo, não apenas aqui, mas também na Alemanha, o fato de que um homem dessa qualidade trabalhe no Departamento de Patentes”.
Pouco depois, Einstein era admitido como privadozent na Universidade de Berna.
Um ano mais tarde, surgiria uma vaga de professor-assistente na Universidade de Zurique – e Adler, em nova manifestação de apreço e admiração pelo amigo, recusaria a indicação do seu próprio nome, feita por um correligionário político, e indicaria o nome de Albert Einstein para a vaga:
“Sendo possível ter um homem como Einstein em nossa Universidade, é um absurdo me nomear. Não se pode comparar a minha habilidade de físico com a de Einstein. É um homem que pode elevar o nível geral da Universidade. Não percam essa ocasião”, afirmou.
Assim, em 7 de maio de 1909 (aos trinta anos), Einstein era efetivado em seu primeiro emprego universitário permanente: professor-assistente de física teórica da Universidade de Zurique.
Comprovava-se, assim, sua primeira grande tese: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.
Fonte: PERSONAGENS QUE MARCARAM ÉPOCA – ALBERT EINSTEIN
Editora GLOBO, 2006