Mas, lá atrás, inconformado com o abandono, ‘El Diablo’ rosnava:
‘Ele não pode me abandonar assim, depois de tantos anos. Dei-lhe montaria, fui os seus passos em longas caminhadas pelos campos daquele país, fui o mentor de muitos dos seus atos mais midiáticos, dei-lhe poder. Não pode me deixar assim’. E resolveu seguir o seu antigo dono.
Milhas adiante, ORROZ estranhava aquele relinchar que lhe era familiar ainda a ecoar em sua mente.
Naquele ponto, onde o caminho se desdobrava, a dúvida em ‘El Diablo’ o enfureceu:
‘Que rumo terá tomado aquele ingrato?’
Relinchou com fúria, evocou seus poderes sobrenaturais e transformou-se em imagem e semelhança de ORROZ, seu antigo dono, e conjurou: ‘Vou persegui-lo como a sombra segue o corpo’.
A única diferença agora entre ambos era um dente de ouro imposto pelo carma passado de ‘El Diablo’, e que seu poder de transformação não fora suficiente para dissimular. Pensou, então:
Basta não sorrir e, quando alcança-lo, decidirei o que fazer. Afinal, ninguém irá notar essa pequena diferença. Ao não sorrir, serei sua imagem e semelhança sisuda, a qual ele trabalhou tanto para associá-la a si. Por tudo o que fizemos juntos, seguirei à direita’.
Assim, exceto aos olhos dos mortais comuns, ORROZ se transformou em duas imagens, embora unas na realidade objetiva, como o corpo e a sombra.