O Grande Filantropo

Naquela ocasião, o Honrado pelo Mundo, desejando enfatizar este significado, falou versos, dizendo:

“Suponha uma pessoa que na assembléia do Dharma venha a ouvir este Sutra,

mesmo que apenas um simples verso,

e alegre-se em concordância e pregue-o para outros,

e dessa forma o ensinamento seja passado,

até alcançar o qüinquagésimo ouvinte.

As bênçãos alcançadas por esta última pessoa serão descritas em detalhes agora:

 

Suponha que exista um grande filantropo que ofereça donativos a incontáveis multidões,

de todos os tipos que queiram,

durante oitenta anos completos.

 

Vendo-os velhos e decrépitos,

com cabelos brancos e faces enrugadas,

seus dentes esparsos, seus corpos arqueados,

ele pensa: ‘Não tarde morrerão.

Devo agora instruí-los,

tal que possam obter o Fruto da Via’.

 

Então ele habilmente expõe-lhes a verdadeira Lei do Nirvana:

‘Este mundo não é um lugar seguro.

É como espuma, bolha de sabão, ou uma centelha.

Todos vocês devem urgentemente nutrir sentimentos de repulsão a ele[1]’.

As pessoas, ao ouvirem o Dharma,

todas atingem o estado de Arhat,

obtém os Seis Poderes de Penetrações Espirituais,

as Três Compreensões e as Oito Emancipações.

 

A última pessoa, a qüinquagésima,

que ouviu um simples verso (deste Sutra) e alegrou-se em concordância com ele,

obtém benefícios que excedem os da pessoa anterior (do filantropo),

os quais estão além do poder da analogia expressá-los.

Se os benefícios de alguém que o ouve em propagação são tão ilimitados,

quão maiores não serão os benefícios de quem , na assembléia,

foi o primeiro a ouvi-lo e alegrou-se[2].

 


[1] Esta é a Lei do Nirvana. Pode-se depreender desta passagem que este “grande filantropo” é o próprio Buda em suas pregações anteriores ao Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa, nos seus oitenta anos de pregação dos ensinos provisórios. Percebe-se também ser essa “Verdadeira Lei do Nirvana” um ensino em prol do Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa, ou um mero meio hábil para conduzir os seres viventes ao Grande Veículo.

[2] Esta é uma clara distinção entre os benefícios auferidos através da apreensão da Lei do Nirvana, que em termos do Sutra de Lótus ainda é um ensino provisório; e aqueles auferidos através da aceitação com alegria de um único verso do Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa pela qüinquagésima pessoa que o ouve em propagação, e mais ainda por aquele que foi o primeiro a ouvi-lo e alegrou-se.

Extraído do CAP. 18: Os Méritos e Virtudes da Alegre Concordância.

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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