
Então ele pegou uma espada que Chandaka estava segurando. O punho era de ouro e cravejado de jóias; a lâmina era afiada. Com um golpe ele cortou o seu cabelo, e então ele lançou a espada ao ar onde brilhava como uma estrela (super)nova. Os Deuses a pegaram e a seguraram em grande reverência.
Mas o herói ainda estava vestindo o seu suntuoso robe. Ele queria um mais simples, mais adequado para um eremita. Foi quando então um caçador apareceu, vestindo uma roupa grosseira feita de um material avermelhado. Siddhartha disse-lhe:
“O seu humilde robe é como aqueles usados pelos eremitas; está estranhamente em contraste com o seu arco selvagem. Dê-me sua roupa e pegue as minhas em troca. Elas lhe servirão melhor.”
“Graças a essas roupas”, disse o caçador, “eu posso enganar os animais na floresta. Eles não me temem, e posso matá-los a curta distância. Mas se você tem necessidade delas, meu senhor, dar-lhe-ei de bom grado e pegarei as suas em troca.”
Siddhartha alegremente vestiu a (roupa) grosseira e avermelhada pertencente ao caçador, e o caçador reverentemente aceitou o robe do herói, e então desapareceu no céu. Siddhartha percebeu que os próprios Deuses desejavam presenteá-lo com seu robe de eremita, e alegrou-se. Chandaka ficou cheio de admiração.
Vestido em seu robe avermelhado, o herói sagrado se pôs a caminho do eremitério. Era como o rei das montanhas envolto em nuvens ao entardecer.
E Chandaka, com pesar no coração, pegou a estrada de volta a Kapilavastu.
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm