O Teorema da Convolução no Budismo

Enunciado: para compreender um sistema físico, é necessário perturbá-lo e, então, observar como ele evolui para o novo estado.

Começo com alguns movimentos no sentido de encaixar um óculo no meu rosto. Não é meu tamanho, há dificuldades. Era um óculo com lentes redondas e muito, muito escuras.

Tudo pronto! Jorginho, o guitarra-base da minha primeira banda de rock, solta os primeiros acordes de Satisfaction: tan, tan, tan ran ran … e tal. Começo a cantar: I can’t get no satisfaction … e tal.

Os rifs da guitarra do Jorginho começam a eletrificar tudo ao meu redor, e a mim. Coloco as mãos na parede ao lado da cama. Ao toque dos meus dedos, a parede responde como um poderoso teclado. Meus dedos faiscantes o percorrem, se entrecruzam, e só os vejo através das lentes negras porque eles faíscam em acordes sonoros fantásticos. Em harmonia com estes, os rifs absurdos do Jorginho e uma bateria precisa e demolidora. Canto tudo, até o fim, num banho de energia cintilante, neons que posso ver através das lentes negras.

Acordes finais: I can’t get no, I can’t get no, I can’t get no, No satisfaction.

Passo alguns momentos paralisado, luzes ainda cintilam. Retiro o óculo e experimento outros. Há outros óculos em minhas mãos. Eles não se encaixam e, assim, vou desexitando. Faço alguns movimentos. Obrigado Jorginho. Nu!!! Que viagem, ainda digo.

Acordo no sonho. O quarto e a cama são da minha irmã Enoê. Nem ela e nem aquele lugar existem mais.

Acordo de novo, agora para a realidade “concreta”. Ainda permeado pela boa energia, já estava a escrever o que houvera acontecido. O que há de “concreto” na experiência humana? Nada!

Pois, o estado resultante dessa experiência é o residual de algo que estava ali.

Este ciclo se repete, de forma completa, a cada existência momentânea da vida. O que estava ali é o ser místico, indecifrável pela razão humana.

Acordo pela terceira vez, agora para a realidade última, que aponta para a saída do Mundo Tríplice, Samsara. Porta estreita, decisão difícil de ser tomada. A terra treme de seis modos diferentes.

Em 04/01/2008 às 00:30 hs.

 

Ler também:

CAP. 03 – A Parábola.

A Teoria Geral da Fatalidade.

 

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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