As Serpentes Venenosas dos Quatro Elementos

“O Bodhisattva-Mahasattva vê esses quatro grandes elementos como sendo quatro serpentes venenosas. Como ele relaciona as coisas? As quatro serpentes venenosas sempre observam os movimentos de um homem: quando o olham, quando o tocam, quando ofegam sobre ele, e quando o picam. É o mesmo com as quatro serpentes venenosas dos quatro grandes elementos. Elas sempre observam os seres e esperam sua chance, procurando aproveitar-se das suas deficiências. Uma pessoa que perde sua vida em razão das quatro serpentes não cai nos três reinos do infortúnio. Mas, alguém que perca sua vida em razão dos quatro grandes elementos cai infalivelmente nos três reinos do infortúnio. Essas quatro serpentes venenosas matarão um homem mesmo que recebam alimentos e cuidados. É o mesmo com os quatro grandes elementos. Embora as coisas sempre sejam fornecidas, estes sempre levam um homem a (cometer) todos os tipos de más ações. Uma vez que qualquer uma dessas quatro serpentes se torne irada, ela matará o homem. O mesmo é o caso com a natureza dos quatro grandes elementos. Se um elemento se desarmoniza, ele facilmente prejudica um homem. Essas quatro serpentes venenosas podem viver no mesmo lugar, mas seus pensamentos diferem uns dos outros. É o mesmo com os quatro grandes elementos. Embora vivam no mesmo lugar, sua natureza é diferente. Embora se respeite essas quatro serpentes venenosas, não se pode aproximar delas. É o mesmo com os quatro grandes elementos. Embora mereçam respeito, não se deve aproximar deles. Quando essas quatro serpentes venenosas causam dano a um humano, temos Shramanas e Brâmanes (para socorrer). Com encantos e remédios, podemos de fato obter a cura. Quando os quatro grandes elementos matam um humano, [todavia], os encantos e remédios dos Shramanas e Brâmanes não podem curá-lo completamente. Uma pessoa que está satisfeita e entra em contato com os quatro odores desagradáveis, afastar-se-á [deles]. Assim agem todos os Budas e Bodhisattvas. Ao encontrar os odores dos quatro grandes elementos, eles se afastam deles. Então o Bodhisattva, como ele reflete sobre as quatro serpentes venenosas dos quatro grandes elementos, sente um grande temor. Ele apressa-se a praticar o Nobre Caminho Óctuplo.”

Excerto do Sutra do Nirvana, CAP. 29 – Sobre o Bodhisattva Rei Altamente-Virtuoso 3.

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

4 comments

  1. Os antigos textos védicos falam da relação existente entre os seres humanos e os quatro elementos naturais.De acordo com eles o ser humano é formado por pela terrra ,água , fogo e ar.Esses elementos por sua vez influenciam o ser humano e se manifestam tanto biológica como espiritualmente afetando-o positiva ou negativamente .No mundo ocidental filósofos gregos desenvolveram o pensamento de que cada fluido do corpo estaria sob o domínio de um elemento que influenciaria diretamente no temperamento e saúde.Dessa forma uma pessoa de temperamento sanguineo seria colérica ou extrovertida uma vez que o sangue está relacionado ao elemento fogo.Durante os séculos médicos e estudiosos têm desenvolvido teses intiras a esse repeito.Um grande estudioso das ciências herméticas de nosso tempo Franz bardon costumava receitar como primeiro exercício a seus alunos a construção do que ele chamava de espelho da alma .Assim a pessoa faria em seu diário pessoal quatro colunas correspondentes aos quatro elementos e em silêncio observaria seus atos e pensamentos relancionando-os .No fim a pessoa descobriria que elemento sobressaia sobre os demais e desenvolveria técnicas de meditação ,e exercícios mentais para poder harmonizar-se,pois uma pessoa em desarmonia com os quatro elementos é doente psíquica ou fisicamente…A prática do Sutra de Lótus produz esse equlíbrio diz Daishonin : ”Agora, o corpo inteiro de Abutsu Shonin é composto de cinco elementos universais – terra, água, fogo, vento e kuu. Esses cinco elementos, também são os cinco caracteres do Daimoku”.Nichiren Shonin inclui mais um elemento que ele chama de Kuu em japonẽs,que é na verdade o éter primordial ,o akasha da onde se originam todos os seres secientes ou não para indicar que recitando o sutra de lótus a pessoa estaria também em perfeita união com a energia universal que nos nutre a todos.

    1. Olá Eleize, Boa Noite!

      Concordo e já li muitas coisas sobre o que você coloca aqui. Mas, é importante perceber que quando o Buda revela a eternidade de sua vida no Sutra de Lótus, ele abre o portal do supramundano, o mundo de todos os Budas. Isso transcende o mundo da matéria e dos agregados (os cinco skandhas). É fantástico, pois, ao aprofundarmos a busca pelo supramundano, encontramos o Grande Nirvana, o qual estabelece claramente a necessidade de rompermos com uma visão meramente fenomenológica da vida. Por essa razão, o Buda faz analogia dos quatro grandes elementos e dos cinco agregados como sendo quatro serpentes venenosas e cinco ladrões, respectivamente. Isso está para além, muito além das fontes citadas e dos sutras anteriores ao Sutra de Lótus.

      Não dá para falar tudo neste espaço. Todavia, você encontrará tudo minuciosamente explicado no Sutra do Grande Nirvana, que vem sendo publicado aqui.

      Encontre sua paz! Não se deixe perturbar pelos inimigos externos. O inimigo que você tem que combater, sem tréguas, é o inimigo interior. Seu nome? Ele se apresenta com muitos nomes, a saber: dúvida, ignorância, visões distorcidas, inversões da verdade, palavras desenraizadas, medo, linguagem dúbia, indolência, etc. Aqueles que são amantes desses inimigos internos acima, e o alimentam a partir de fora, são os aparentados de Mara.

      Abrace os ensinos dourados do Buda, eles são o caminho.

      Fique na Paz do Dharma Maravilhoso.

      Marcos Ubirajara.

  2. Legal,é que depois de dez anos na Gakai sou agora uma praticante independente e leitora incansável .A verdade é que ficou uma mensagem não boa do budismo Nichiren…Mas continuo a trilhar meu caminho de aperfeiçoamento ,leio seus posts sempre e vou dizer uma coisa vocẽ e o Sérgio (tentando ser budista)me prestaram um grande serviço com seus trabalhos…foi tipo assim a luz no caminho…tão longe anda e perto passeia diz um provérbio o que vocẽs fazem não tem preço não…muito obrigada.

    1. Olá Eleize!

      Respondi seu comentário lá no post “O Samadhi do Daimoku do Sutra de Lótus“. Você leu? Então, se você concordar que ofensas mútuas, de fato, destroem o Dharma Maravilhoso e nada edificam, siga seu caminho e não olhe para trás. Você dá um grande passo ao abandonar as idéias mesquinhas de uma prática egoística e do apego a tudo que é coisa.

      Sérgio Castro (Tentando ser Budista) é uma pessoa legal! Uma pessoa honesta, acima de tudo.

      Grande abraço!

      Marcos Ubirajara.

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