
Retornou à cidade. Nas proximidades dos portões ele passou por uma jovem mulher que curvou-se e disse-lhe: “Aquela que é sua noiva deve conhecer a suprema bem-aventurança, oh nobre príncipe”. Ele ouviu sua voz, e sua alama encheu-se de paz: veio-lhe o pensamento da suprema bem-aventurança, beatitude, do nirvana.
Ele foi ao rei, curvou-se e disse-lhe:
“Rei, defira o pedido que tenho a fazer. Não se oponha a ele, porque estou determinado. Gostaria de deixar o palácio, gostaria de trilhar o caminho da libertação. Devemos nos separar, pai.”
O rei ficou profundamente comovido. Com lágrimas nos olhos, a voz embargada, disse ao seu filho:
“Filho, desista dessa ideia. Você ainda é jovem demais para considerar uma vocação religiosa. Nossos pensamentos nos primódios da vida são inconstantes e mutáveis. Além disso, é um grave erro levar ao cabo práticas de austeridades em nossa juventude. Nossos sentidos são ávidos por novos prazeres; nossas mais firmes decisões são esquecidas quando aprendemos quanto custam em esforços. O corpo vagueia na floresta do desejo, somente nossos pensamentos escapam. Jovens carecem de experiência. Está mais para mim abraçar a religião. É chegado para mim o tempo para deixar o palácio. Eu abdico, oh meu filho. Reine em meu lugar. Seja forte e corajoso; sua família necessita de você. Primeiro conheça as alegrias da juventude, e então aquelas dos anos tardios, antes de recolher-se às florestas e tornar-se um eremita.”
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm