A Cidade de Indra

Do céu, Indra vinha acompanhando Visvantara e sua família. Ele estava sensibilizado pela aflição de Madri, e decidiu descer à terra. Ele assumiu a forma de um gentil homem de idade e, montado em um cavalo veloz, ele avançou ao encontro do príncipe. Ele abordou Visvantara e se dirigiu a ele de uma maneira envolvente. “Pela sua aparência, meu senhor, fica evidente que você tem sofrido grandes dificuldades. Há uma cidade não muito longe daqui. Mostrarei a você o caminho. Você e sua família devem vir para minha casa e lá permanecer o quanto queiram”. O velho homem estava sorrindo. Ele pediu que os quatro exilados subissem em seu cavalo, e como Visvantara parecia hesitar, ele disse: “O cavalo é poderoso, e você não é pesado. Quanto a mim, seguirei a pé, não me cansará, pois não temos muito a caminhar”. Visvantara ficou atônito ao saber que uma cidade havia sido construída naquele deserto cruel; além disso, ele nunca tinha ouvido falar dessa cidade. Mas a voz do velho homem era tão gentil que ele decidiu seguí-lo, e Madri estava tão cansada que ele aceitou o convite  para montar com ela e as crianças.

Eles haviam caminhado cerca de trezentos passos quando uma magnífica cidade apareceu diante deles. Era imensa. Um majestoso rio fluía através dela, e havia muitos belos jardins e pomares cheios de frutas maduras. O velho homem conduziu seus convidados até os portões de um palácio brilhante. “Aqui é minha casa”, disse ele; “aqui, se desejarem, vocês poderão residir pelo resto de suas vidas. Por favor, entrem”. No grande salão, Visvantara e Madri sentaram-se em tronos de ouro; aos seus pés, as crianças brincavam em espessos tapetes, e o velho homem presenteou-os com robes muito belos. Comidas raras então lhes foram servidas, e eles aplacaram a sua fome. Mas, Visvantara estava perdido em pensamentos. De repente, ele levantou-se de seu assento, e disse ao velho homem: “Meu senhor, estou desobedecendo as determinações de meu pai. Ele baniu-me de Jayatura, onde ele é rei, e ordenou-me a passar o resto de minha vida no deserto. Não devo desfrutar desses confortos, porque foram (a mim) proibidos. Meu senhor, permita-me deixar sua casa”. O velho homem tentou dissuadi-lo, mas em vão; e seguido por Madri e as crianças, Visvantara deixou a cidade. De fora dos portões, ele voltou-se para lançar um último olhar, mas a cidade havia desaparecido; onde ele havia estado, agora era somente areia ardente. E Visvantara ficou feliz por não ter permanecido (lá) por mais tempo.

A Cidade de Indra
Visvantara e sua família na Cidade de Indra. Clique na imagem para site de origem.

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].

Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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