A parte do texto que começa com: “Se, por outro lado, uma pessoa recebesse e mantivesse mesmo tão pouco quanto quatro linhas de um verso desse sutra,” foi pregada pelo Buda Shakyamuni. Receber significa que o coração o recebe. Manter significa que o corpo coloca o ensinamento em prática.
Uma pessoa não necessita receber e manter todo o Vajra Sutra, mas pode aprender a recitar não mais que um verso de quatro linhas, tal como aquelas que vêm posteriormente no texto:
Se alguém me vê na forma,
Se alguém me procura no som,
Ele pratica uma via tortuosa
e não pode ver o Tathagata.
O verso diz que se uma pessoa reconhece o Buda através de marcas tangíveis, ou procura pelo Buda no som da sua voz, aquela pessoa pratica dharmas externalistas distorcidos (desvirtuados) e demoníacos, ao invés do verdadeiro e real Budadharma. Por quê? O Verdadeiro Budadharma é destituído de forma ou aparência. É verdadeiro vazio e existência maravilhosa. Não se deve dispender esforços com marcas falsas.
Um outro verso de quatro linhas diz:
Tudo o que possui marcas é falso e vazio.
Se você vê todas as marcas
como não marcas
Então você vê o Tathagata.
Um outro:
Não há marca do eu,
e nem marca dos outros,
nem marca dos seres viventes,
e nem marca de uma vida.
Um outro:
Todos os dharmas condicionados
são como sonhos, ilusões, bolhas, sombras,
como gotas de orvalho e um lampejo.
Contemple-os assim.
Em geral, pode-se memorizar quaisquer quatro linhas que lhes toquem e explicá-las para os outros. Não se deve interpretar a passagem do texto do sutra nesta seção (comentário) como referindo-se somente aos versos deste sutra em particular, porque não há dharmas fixos (imutáveis). Se alguém persiste em dadas quatro linhas, o dharma torna-se estático. O Vajra Sutra subjuga o coração (sentimento) de apego rígido e habilita-o a apartar-se de todas as marcas. Ele varre todos os dharmas e aparta-o de todas as marcas. Separação de todas as marcas é Estado de Buda. Não se apegue a quatro linhas em particular. Mantenha o dharma vivo! Que seja como um vigoroso dragão, como um tigre correndo. Recite o sutra até que ele reverbere e ressoe. Fale até ele ecoar. Não seja tão massante a ponto de por todos a dormir, e então estupidamente pensar que a sua leitura lhes fez entrar em samadhi.
Receber e manter o sutra é a cultivação do próprio benefício e leva à própria iluminação. Explicá-lo para outros beneficia e ilumina-lhes.
Se você puder receber e manter um verso de quatro linhas para si, e falar sobre ele para os outros, as bênçãos e virtudes daquele ato são longinquamente maiores que as bênçãos e virtudes resultantes para a pessoa que oferece três mil grandes sistemas de mil mundos cheios das sete gemas preciosas como doação. Por quê? Porque a doação do dharma é a mais suprema forma de doação, e como tal supera longinquamente a doação de riquezas.