“Subhuti, o que você pensa? São muitas as partículas de pó nos três mil grandes sistemas de mil mundos?” Partículas de pó refere-se às partículas de pó invisíveis à beira do vazio. Se uma partícula de pó visível é dividida em sete partes, uma daquelas sétimas-parte é chamada “partícula de pó à beira do vazio”. É o mesmo que o espaço vazio. Por exemplo, no espaço vazio há muitas partículas de pó tão pequenas que não podem ser vistas a olho nu. Elas são exemplos de partículas de pó à beira do vazio. Assim, o Buda indagou se as minúsculas partículas, bem como as partículas comuns de pó visíveis nos três mil grandes sistemas de mundos eram muitas.
Subhuti respondeu: “Muitas”. “A poeira é pregada pelo Tathagata como nenhuma poeira”. Do ponto de vista da marca real, o Caminho Médio, diz-se haver partículas de pó. Do ponto de vista da verdade real, não há partículas de pó. Elas não existem. Do ponto de vista da verdade comum, elas são consideradas partículas de pó. Na realidade, “partículas de pó” é apenas um nome.
Os sistemas de mundos são pregados pelo Tathagata como nenhum sistema de mundo. Partículas de pó à beira do vazio constituem o mundo. Uma partícula de pó é a menor forma da retribuição dependente. Um mundo é a maior forma da retribuição dependente. A maior retribuição dependente surge de um conjunto de formas muito menores de retribuição dependente. O mundo existe porque grandes quantidades de partículas de pó se juntam. Se as partículas de pó forem separadas, o mundo desapareceria. Assim, os sistemas de mundos são pregados pelo Tathagata como nenhum sistema de mundo. A doutrina acima não vai além do vazio, do falso, e do (Caminho) Médio.
Reconhecer a vacuidade de todos os dharmas (fenômenos) é a verdade real. Reconhecer a falsidade de todos os dharmas é a verdade comum. Reconhecer que todos os dharmas são nem vazios e nem falsos é a verdade do Caminho Médio. Além disso, todo o presente discurso sobre prajna, nada foi pregado. É como quando Subhuti falou eloquentemente (sobre) prajna e o Rei do Céu Brahma ouviu bem a prajna, até que finalmente Subhuti indagou-lhe: “O que eu disse?”
A que o deus Brahma respondeu: “O Venerável não falou”.
“Bem, o que você ouviu?”, prosseguiu Subhuti.
“Eu também não ouvi nada”, veio a resposta.
“Isto é prajna verdadeira”, confirmou Subhuti.
Quando nada é falado e nada é ouvido, isto é chamado prajna verdadeira. Assim, a prajna paramita pregada pelo Buda é nenhuma prajna paramita, mas é meramente chamada prajna paramita. Isto é um nome falso e nada mais.