“Vazio Nato”, disse o Buda, “qual é a sua opinião sobre a doutrina que tenho explicado? Talvez você tenha mal-entendido o que eu disse sobre prajna paramita. Vamos esclarecer o conceito. Há algum dharma pregado pelo Tathagata?”
Subhuti respondeu: “Nada foi pregado pelo Tathagata”. O que você diz sobre isso? O Buda pregou o dharma e ao mesmo indagou Subhuti se ele havia pregado algum dharma. Como deveria ser respondido? Subhuti disse-lhe que ele não havia pregado o dharma. Provavelmente, Subhuti deu uma olhada e compreendeu o princípio da vacuidade. Ele era chamado Vazio Nato porque era o maior na compreensão da vacuidade, e então ele compreendeu aquilo honestamente, com a prajna real. Não é o caso que nada foi pregado. Assim ele disse: “Não há nada pregado. O Tathagata não pregou nada.”
A maioria das pessoas são incapazes de compreender essa passagem do texto. Claramente o Buda pregou o dharma, e no entanto ele indagou se ele havia pregado o dharma. Subhuti, além disso, respondeu que ele não havia pregado o dharma. Qual é o significado disso?
O Buda Shakyamuni e Subhuti estavam discorrendo sobre a verdade, a prajna real. Desde que verdadeira, a prajna real não reside em uma estrutura de linguagem que possa ser falada? A marca do vazio de todos os dharmas está para além das palavras e falas. O Buda pregou o dharma durante quarenta e nove anos e quando o tempo do seu nirvana chegou, ele disse que não pregou uma única palavra. Ele disse: “Se alguém diz que o Tathagata pregou o dharma, ele calunia o Buda porque foi incapaz de compreender o que eu disse.”
“Uma vez que o Buda não pregou o dharma, por que há tantos sutras falados pelo Buda?”, alguém pode indagar com toda a razão. A resposta para isso está na doutrina da pregação do dharma condicionado para pessoas atadas às condições, e pregação do dharma incondicionado para pessoas que vivem de modo incondicionado.
O Sutra Diamante diz: “Mesmo os dharmas devem ser abandonados, quanto mais ainda os não-dharmas”. O Buda disse que ele não havia pregado o dharma porque ele estava preocupado de que as pessoas se tornariam apegadas à marca do dharma. Ser apegado ao dharma é o mesmo que ser apegado ao eu. O apego das pessoas à vacuidade também deve ser rompido. Quando o Portal do Dharma da Prajna é pregado, mesmo a vacuidade não deve tornar-se um apego.