Sutra:
“Subhuti, se alguém disser que a visão de um ‘eu’, a visão dos outros, a visão dos seres viventes, e a visão de uma vida são pregadas pelo Buda, o que você pensa, Subhuti? Aquela pessoa compreende o significado dos meus ensinamentos?”
Não Honrado pelo Mundo, aquela pessoa não compreende o significado dos ensinamentos do Tathagata. E por quê? A visão de um ‘eu’, a visão dos outros, a visão dos seres viventes, e a visão de uma vida são pregadas pelo Honrado pelo Mundo como nenhuma visão do ‘eu’, nenhuma visão dos outros, nenhuma visão dos seres viventes, e nenhuma visão de uma vida. Porquanto são chamadas a visão do ‘eu’, a visão dos outros, a visão dos seres viventes, e a visão de uma vida”.
“Subhuti, aqueles que devotaram seus corações ao Anuttara-Samyak-Sambodhi devem assim conhecer, assim ver, assim acreditar e compreender todos os dharmas, e não produzir as marcas dos dharmas. Subhuti, as marcas dos dharmas são pregadas pelo Tathagata como nenhuma marca dos dharmas; porquanto são chamadas marcas dos dharmas”.
Comentário:
Subhuti disse que alguém que mantenha a opinião de que o Buda pregou uma visão do ‘eu’, dos outros, dos seres viventes, e de uma vida não compreende a doutrina que o Buda ensinou. Aquela pessoa não alcançou uma compreensão da doutrina da vacuidade das pessoas, dos dharmas, e da vacuidade em si encontrada no ensinamento da prajna, que expressa o princípio da vacuidade.
Anteriormente, o Buda havia pregado sobre as “marcas” do ‘eu’, dos outros, dos seres viventes, e de uma vida; então, neste ponto ele falou da visão do ‘eu’, dos outros, dos seres viventes, e de uma vida. Qual é a diferença entre marcas e visões? Marcas são objetos externos (tangíveis) com os quais nos envolvemos através do olho orgânico. Visões, por outro lado, são discriminações da mente às quais nos tornamos apegados e às quais nos prendemos. Visões são apegos sutis; marcas são apegos grosseiros. As marcas superficiais externas são fáceis de descartar, mas é muito difícil obliterar os apegos sutis da consciência mental. Portanto, o Buda menciona ambos, para capacitar as pessoas a não somente subjugar seus corações e abandonar as marcas, mas também subjugar as suas mentes e erradicar as visões. Quando se liberta das visões, pode-se realmente chegar ao estado de vacuidade das pessoas, dos dharmas, e da vacuidade em si.
Mas o Buda pregou sobre aquelas visões apenas do ponto de vista da verdade comum. Se explicado em termos da verdade real, elas não são visões. Quando expressas do ponto de vista do Caminho Médio, porquanto são chamadas a visão do ‘eu’, a visão dos outros, a visão dos seres viventes, e a visão de uma vida. Originalmente não há marcas e nem visões, mas no Dharma Maravilhoso da Prajna o Buda lhes dá falsos nomes.
Não apenas as visões do ‘eu’, dos outros, dos seres viventes, e de uma vida; mas todos os dharmas devem assim ser conhecidos. Assim ver, assim acreditar e compreender todos os dharmas, e não produzir a marca dos dharmas. Isto significa não ser apegado a quaisquer dharmas.
Todo o dharma pregado pelo Buda
foi em prol dos corações dos seres viventes;
Se não houvesse corações,
de que utilidade seria o dharma?
As marcas dos dharmas são pregadas pelo Tathagata como nenhuma marca dos dharmas; porquanto são chamadas marcas dos dharmas. A elas são meramente dados falsos nomes.