“Se uma pessoa, após a minha passagem à extinção,
puder reverentemente manter este Sutra,
suas bênçãos serão ilimitadas,
como acima descrevi[1].
Porque então, ela completará todas as formas de oferecimentos,
e construirá torres votivas às relíquias adornadas com os sete tesouros,
torres altas e amplas, alcançando os Céus Brahma,
ornamentadas com milhões e milhões de sinos cravejados de jóias,
emitindo sons maravilhosos ao vento.
E também, ao longo de ilimitados kalpas,
aquela pessoa fará oferecimentos, a esta torre,
de flores, incenso, contas,
trajes celestiais e todas as variedades de música.
Ela queimará óleos fragrantes em lamparinas,
reluzindo brilhantemente todo o seu redor.
Numa era de maldade, durante o crepúsculo da Lei,
aquela pessoa poderá manter este Sutra,
e poderá então, como mencionado acima,
realizar todos aqueles oferecimentos.
Se uma pessoa puder manter este Sutra,
será como se, na presença do próprio Buda,
ela usasse sândalo cabeça-de-boi para construir aposentos para a Sangha,
como um oferecimento a eles.
Esses trinta e dois salões,
medindo oito árvores tala na altura,
repletos de finas iguarias, indumentárias e aposentos,
onde centenas de milhares possam se acomodar,
serão amplamente adornados com jardins,
bosques, lagos para banho,
trilhas e grutas para a meditação dhyana.
Ela poderá, com fé e compreensão,
receber, manter, ler, recitar e escrever,
ou requisitar a outros escreverem,
e fazer oferecimentos a este Sutra,
espalhando flores, incenso e pós perfumados,
e constantemente queimar óleos fragrantes em lamparinas,
feitos de sumana, champaka e atimuktaka.
Aquele que fizer tais oferecimentos obterá ilimitados méritos e virtudes.
Assim como o espaço vazio é infinito,
assim serão suas bênçãos[2].
Muito maior é o mérito daquele que mantém este Sutra,
mas que também pratica a doação, observa preceitos,
que é paciente e deleita-se no samadhi dhyana,
que nunca é odioso ou mal-falado,
e que é reverente nas torres e templos,
humilde para com os Monges, livre de arrogância,
e sempre meditando sobre a sabedoria.
Essa pessoa poderá refrear a ira quando indagado sobre questões difíceis,
e será complacente quando fizer explanações.
Aquele que puder desenvolver tais práticas terá ilimitados méritos e virtudes[3].
Se virmos um Mestre da Lei dotado de virtudes como estas,
deveríamos espalhar flores celestiais e oferecer-lhe trajes celestiais,
curvarmos com as nossas cabeças aos seus pés,
e considerá-lo como se fosse um Buda.
Deveríamos ainda pensar:
‘Tão logo ele chegue ao Bodhimanda,
atingirá a sabedoria sem falhas e incondicional,
e beneficiará amplamente seres celestiais e humanos’.
Onde quer que tal pessoa esteja,
andando, sentada ou reclinada,
ou pregando mesmo que um simples verso,
deveríamos construir uma torre,
maravilhosamente fina e adornada,
e fazer-lhe todos os tipos de oferecimentos.
O discípulo do Buda, residindo neste lugar,
o considerará como se fosse o Buda,
sempre perseverando nisto,
andando, sentando ou reclinando”.
[1] Primeira distinção dos benefícios. Refere-se a escolher este Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa dentre os demais ensinos.
[2] Segunda distinção dos benefícios. Refere-se a quem elege o Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa dentre os outros ensinos e ainda o propaga e lhe faz oferecimentos.
[3] Terceira distinção dos benefícios. Refere-se aos que elegem o Sutra de Lótus dentre os outros ensinos, o promovem, fazem-lhe oferecimentos e se conduzem exemplarmente como descrito.
Extraído do CAP. 17: Distinção dos Méritos e Virtudes.

Foto de Marcos Ubirajara. Local: Sítio da Dôra em 15/09/2007.
