Mas os Deuses ficaram com inveja da felicidade celestial desfrutada por esta cidade da terra. Eles fizeram um homem velho e, no sentido de perturbar a mente de Siddhartha, eles puseram-no na estrada por onde o príncipe estava passando.
O homem estava arqueado sobre uma bengala; estava esgotado (espoliado) e decrépito. Suas veias sobressaltavam em seu corpo, seus dentes batiam, e sua pele era um labirinto de rugas escuras. Um punhado de cabelos cinzentos e sujos pendiam de seu couro cabeludo; suas pálpebras não tinham cílios; a cabeça e os membros paralisados.
O príncipe viu este ser, tão diferente dos homens ao seu redor. Ele o fitou com tristeza nos olhos, e indagou ao cocheiro:
“O que é esse homem com cabelos cinzentos e o corpo tão arqueado? Ele agarra-se à sua bengala com as mãos ressequidas, seus olhos são sem brilho e seus membros hesitantes. Ele é um monstro? A natureza o fez assim, ou é o acaso?
O cocheiro não deveria ter respondido, mas os Deuses confundiram-lhe a mente, e sem entender o seu erro (engano), ele disse:
“O que estraga a beleza, arruína o vigor, que causa tristeza e mata o prazer, o que enfraquece a memória e destrói os sentidos é a velhice. Ela (a velhice) agarrou este homem e quebrou-lhe. Ele, também, certa vez foi criança, amamentou-se no seio de sua mãe; ele, também, certa vez engatinhou pelo chão; cresceu, foi jovem, tinha força e beleza; e então chegou ao crepúsculo dos seus anos, e agora você o vê, a ruína que é a velhice.”
O príncipe ficou profundamente comovido, e indagou:
“Este será meu destino, também?”
O cocheiro respondeu:
“Meu senhor, a juventude também o abandonará algum dia; para você, também, chegará a velhice perturbadora. O tempo esgota a nossa força e rouba a nossa beleza.”
O príncipe estremeceu como um touro ao som do trovão. Ele soltou um suspiro profundo e balançou sua cabeça. Seus olhos se desviaram do homem miserável para a multidão feliz, e ele falou essas solenes palavras:
“Assim a velhice destrói a memória, a beleza e a força no homem, e mesmo assim o mundo não está sobressaltado com terror! Dê meia volta com os cavalos, oh cocheiro; leve-nos de volta para nossas casas. Como posso deleitar-me em jardins e flores, quando meus olhos podem somente ver a velhice, quando minha mente pode somente pensar na velhice?”
O príncipe retornou ao seu palácio, mas não encontraria paz em lugar algum. Ele vagava pelos corredores e salões, murmurando, “Velhice, oh, velhice!” e em seu coração não havia mais alegria.
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm
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