O Bem-Aventurado indagou quem era digno de ser o primeiro a ouvir a palavra da salvação. “Onde há um homem de virtude, inteligência e energia, a quem eu possa ensinar a lei ?”, ele se perguntou. “Seu coração deve ser isento (inocente) de ódio, sua mente deve ser tranquila, e ele não deve reter o conhecimento para si como se fosse algum segredo obscuro.”
Ele pensou em Rudraka, filho de Rama. Lembrou que ele (Rudraka) era livre de ódio e procurava levar uma vida de virtude, e que ele não era o tipo de homem que faria do conhecimento um segredo. Ele decidiu ensinar-lhe a lei, e essa questão surgiu em sua mente: “Onde está Rudraka agora?” Então ele descobriu que Rudraka, filho de Rama, estava morto havia sete dias, e ele disse:
“É uma grande pena que Rudraka, filho de Rama, tenha morrido sem ouvir a lei. Ele a teria compreendido, e ele, por sua vez, poderia tê-la ensinado.”
Ele pensou em Arata Kalama. Lembrou do seu intelecto claro e sua vida virtuosa, e decidiu que Arata Kalama ficaria feliz em propagar o conhecimento. E essa questão surgiu em sua mente: “Onde está Arata Kalama agora?” Então ele descobriu que Arata Kalama estava morto havia três dias, e ele disse:
“Arata Kalama morreu sem ouvir a lei; grande é a perda de Arata Kalama.”
Ele pensou novamente, e lembrou dos cinco discípulos de Rudraka que certa vez juntaram-se a ele. Eles eram virtuosos; eles eram vigorosos; eles certamente compreenderiam a lei. O Bem-Aventurado sabia, em virtude da sua inteligência, que os cinco discípulos de Rudraka estavam vivendo no Parque do Cervo em Benares. Assim, ele partiu para Benares.
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm