No Monte Gaya ele encontrou um monge chamado Upaka. À vista do Bem-Aventurado, Upaka soltou um grito de admiração.
“Quão maravilhoso é você!”, ele exclamou. “Sua face está radiante. Uma fruta amadurecida no sol tem menos esplendor. Vossa beleza é de um (dia) claro (de) outono. Meu senhor, posso indagar-lhe quem foi seu mestre?”
“Eu não tenho mestre”, respondeu o Bem-Aventurado. “Não há alguém como eu. Sou um sábio solitário, tranquilo, incorruptível.”
“Que grande mestre você deve ser!”, disse Upaka.
“Sim, eu sou o único mestre neste mundo; ninguém igual a mim pode ser encontrado na terra ou no céu.”
“Para onde vai?”, perguntou Upaka

“Estou a caminho de Benares”, disse o Bem-Aventurado, “E lá eu acenderei a lâmpada que trará luz ao mundo, uma luz que irá deslumbrar até os olhos do cego. Estou a caminho de Benares, e lá soarei os tambores que despertarão a raça humana, os tambores que ressoarão até mesmo nos ouvidos do surdo. Estou a caminho de Benares, e lá ensinarei a lei.”
Ele continuou em seu caminho, e veio para as margens do Ganges. O rio estava em cheia, e o Bem-Aventurado procurou por um barqueiro para atravessá-lo. Ele encontrou um, a quem disse:
“Amigo, você me levaria em travessia do rio?”
“Certamente”, respondeu o barqueiro, “mas primeiro me pague pela viagem”.
“Não tenho dinheiro”, disse o Bem-Aventurado.
E voou através do ar para a margem oposta.
O barqueiro ficou com o coração partido. Gritou: “Não o atravessei o rio, ele que era um homem santo! Oh, ai de mim!” E rolou no chão em sua grande aflição.
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm