O Mestre ponderou; e então solenemente pronunciou essas palavras:
“Ouça, Ananda. Vá a Mahaprajapati e diga-lhe que estou disposto a recebê-la na comunidade, mas que ela deve obedecer a certas regras muito restritas. Essas são as observâncias (injunções) que exigirei das mulheres na comunidade: uma monja, mesmo que tenha sido monja por cem anos, deve levantar-se na presença de um monge e mostrar-lhe todos os sinais de profundo respeito, mesmo que ele tenha sido um monge por apenas um dia; as monjas devem recorrer aos monges para a confissão das suas transgressões e para a instrução nas palavras sagradas; monjas culpadas de ofensas graves devem ser submetidas a punições em conformidade, durante quinze dias, diante de toda a comunidade de monges e monjas; antes que monjas sejam admitidas na comunidade, sua constância e sua virtude devem ser testadas por um período de dois anos; não será permitido às monjas exortarem os monges, mas aos monges será permitido exortarem as monjas. Essas são as observâncias que, em adição às observâncias já conhecidas dos monges, serão exigidas de todas as monjas.”
Mahaprajapati alegremente prometeu manter em observância essas regras. Ela entrou para a comunidade, e dentro de poucos meses, muitas mulheres tinham seguido o seu exemplo.
Mas, certo dia, o Mestre disse a Ananda:
“Se mulheres não fossem admitidas na comunidade, Ananda, a castidade seria preservada por longo tempo, e a verdadeira fé viveria, vigorosa e serena, por mil anos. Mas agora que mulheres foram admitidas na comunidade, Ananda, a castidade estará em perigo, e a verdadeira fé, com todo o seu vigor, viverá apenas quinhentos anos.”
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm