Exatamente um ano após ter encontrado a tradução de João Rodrigues para o português, em 03/03/2005, encontrei um original em inglês do Sutra de Lótus, mais recente, feito pela BTTS – Buddhist Text Translation Society in USA, e que jamais fora traduzido para o português. Ao ler essa versão da BTTS, percebi algumas diferenças logo no início. Como por exemplo:
O final do Capítulo I – Introdução de Burton Watson diz:
“Tu que procuras os três veículos,
se tens dúvidas ou inquietações,
o Buda resolvê-las-á para ti.”
No Capítulo II – Meios Hábeis
“Entre os quatro tipos de crentes,
os iguais a estes são cinco mil.
Não vêm os seus erros,
são descuidados e negligentes no que respeita aos preceitos,
apegados aos seus defeitos e sem vontade de mudar.
Mas estas pessoas de diminuta sabedoria já se foram embora;
o joio desta assembleia
retirou-se perante a autoridade do Buda.”
Há uma contradição aqui. O Buda propusera resolver as dúvidas de certas pessoas, mas depois essas pessoas se retiram da assembléia?
Então vamos à outra versão, comparando os mesmos trechos:
O final do Capítulo I – Introdução da BTTS diz:
“Aqueles que procuram os três veículos,
caso tenham dúvidas ou pesares,
o Buda os removerá agora,
tal que se retirem e não permaneçam na assembléia”.
No Capítulo II – Meios Hábeis
“Pessoas tais como essas,
em número de cinco mil,
que não vêem o seu próprio erro,
que são débeis na observação dos preceitos e guardam imperfeições,
são aqueles de sabedoria desprezível que se retiraram;
o joio da multidão está separado,
graças à grande virtude do Buda.”
Percebendo a enorme significância dessa primeira constatação, continuei a leitura, pois muitas diferenças haveriam de surgir. Quando cheguei ao Capítulo 23 – Os Feitos Passados do Bodhisattva Rei da Medicina, essas diferenças já eram muitas, por isso decidi começar a escrever. Até então, vinha fazendo somente leitura. Fui até o Capítulo 28 – O Encorajamento do Bodhisattva Universalmente Meritório, agora traduzindo e escrevendo. Fiquei encantado. Voltei ao Capítulo I – Introdução, e assim foi até concluir a tradução em 01/03/2006, um ano após ter obtido os originais.
Estava fascinado com o resultado, adaptei as notas de rodapé que eu havia registrado na tradução de João Rodrigues. Lia e relia com alegria os textos sagrados. Pensava comigo: “ficou bom”! Então, comecei a sonhar com um livro. Só pensava nisso.
Continua no próximo episódio semanal de:
A História da Tradução do Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa
por Marcos Ubirajara de Carvalho e Camargo.
Episódios Anteriores:
O Fato Motivador da Tradução do Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa
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