A Escolha de Suprabha

Em meio àquelas que buscavam instruções do Bem-Aventurado ao mesmo tempo que essa jovem escrava, estava Suprabha, a filha de um proeminente cidadão de Cravasti. Suprabha era muito bela. Era vê-la e apaixonar-se por ela. Ela era cortejada por todos os jovens distintos da cidade. Isto fez com que seu pai se preocupasse muito. “A quem a darei em casamento?”, ele indagava-se repetidamente; “aqueles a quem recusar tornar-se-ão meus inimigos implacáveis.”

E por horas a fio, ele permanecia imerso em pensamentos.

Certo dia, Suprabha disse-lhe:

“Você parece estar sobrecarregado, querido pai. Qual é a razão?”

“Filha”, ele respondeu, “unicamente você é a causa da minha ansiedade. Há tantos em Cravasti que desejam casar-se com você!”

“Você está com medo de fazer uma escolha entre meus pretendentes?”, disse Suprabha. “Pobres homens! Se eles soubessem meus pensamentos! Não fique ansioso, pai! Diga-lhes para se reunirem e, de acordo com o antigo costume, irei em meio a eles, e eu mesma escolherei um marido dentre eles.”

“Farei como você deseja, filha.”

O pai de Suprabha foi ao Rei Prasenajit e recebeu permissão para ter um arauto a proclamar através da cidade:

“Daqui há sete dias, será realizada uma reunião de todos os homens jovens que queiram desposar Suprabha. A própria donzela escolherá um esposo dentre os que se apresentarem.”

No sétimo dia, uma multidão de pretendentes reuniu-se no majestoso jardim pertencente ao pai de Suprabha. Ela pareceu, montada em uma carruagem. Ela estava segurando um estandarte amarelo no qual estava pintada a imagem do Bem-Aventurado. Ela estava cantando os seus louvores. Todos eles olharam para ela com espanto, e se perguntaram: “O que ela nos dirá?” Ela finalmente dirigiu-se a um jovem homem.

“Não posso amar a nenhum de vocês”, disse ela, “mas não pensem que eu lhes desprezo. O amor não é o meu objetivo na vida; eu quero refugiar-me com o Buda. Irei ao parque onde ele reside, e ele me instruirá na lei.”

Tristemente, os jovens se retiraram, e Suprabha foi para o Parque de Jeta. Ela ouviu o Bem-Aventurado falar; foi admitida na comunidade, e tornou-se a mais devota Monja.

Certo dia, quando Suprabha estava deixando os jardins sagrados, ela foi reconhecida por um dos seus ex-pretendentes que passava por ali com vários amigos.

“Devemos resgatar essa mulher”, disse ele. “Eu a amei; eu ainda a amo. Ela será minha.”

Seus amigos concordaram em ajudar-lhe. Antes que Suprabha se conscientizasse, ela foi cercada, e subitamente eles decidiram raptá-la. Mas quando eles estavam prestes a agarrá-la, ela dirigiu o seu pensamento para o Buda e, imediatamente, ela levantou-se no ar. Uma multidão se juntou; Suprabha permaneceu acima deles por um tempo, e então, voando com a graça e majestade de um cisne, retornou para a sua morada sagrada.

E seus clamores seguiram-na:

“Oh Santo, você fez manifestar o poder da fé; Oh Santo, você tornou manifesto o poder do Buda. Seria injusto condenar-lhe aos prazeres terrenos do amor, oh Santo, oh Santo.”

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].

Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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