Sutra:
“Subhuti, o que você pensa? Você não deve sustentar que o Tathagata tem esse pensamento: ‘Levarei os seres viventes à travessia’. Subhuti, não tenha esse pensamento. E por quê? Realmente não há seres viventes levados à travessia pelo Tathagata. Se houvesse seres viventes levados à travessia pelo Tathagata, então o Tathagata teria a existência de um ‘eu’, dos outros, dos seres viventes, e de uma vida. Subhuti, a existência de um ‘eu’ pregada pelo Tathagata é nenhuma existência de um ‘eu’, mas as pessoas comuns tomam-na como a existência de um ‘eu’. Subhuti, pessoas comuns são pregadas pelo Tathagata como nenhuma pessoa comum, porquanto são chamadas pessoas comuns”.
Comentário:
O Buda Shakyamuni disse: “Vocês, Ouvintes, não digam que o Tathagata tem o pensamento: ‘Eu resgatarei seres viventes’. Por quê? Realmente não há seres viventes levados à travessia pelo Tathagata”. O Tathagata e os seres viventes são unos. Portanto, o Tathagata resgata seres viventes sem que haja quaisquer seres viventes resgatados. O Tathagata não leva seres viventes à travessia: eles se levam à travessia.
O Sexto Patriarca disse ao Quinto Patriarca: “Quando alguém está iludido, seu mestre conduz-lhe à travessia; mas quando alguém é iluminado, conduz-se à travessia”. Uma vez que você compreende, você se leva à travessia. Quando os seres viventes estão confusos, o Buda conduz-lhes à travessia. Os seres viventes precisam despertar, mas quem desperta-lhes? Não é o Buda; eles se despertam. Em outras palavras: “Na equanimidade do verdadeiro reino do dharma, o Buda não leva seres viventes à travessia”. Seres viventes e Buda são iguais. Não há um pouco mais de algo da parte de um Buda, ou um pouco menos de algo da parte de seres viventes. Em razão do que é dito: “Realmente não há seres viventes levados à travessia pelo Tathagata”.
Fosse você insistir dizendo que houve seres viventes levados à travessia pelo Tathagata, então o Tathagata teria a existência de um ‘eu’, dos outros, dos seres viventes, e de uma vida; e assim as quatro marcas não seriam vazias. O Buda diz a todos os seres viventes para abandonarem as marcas. Quanto mais não deveria o próprio Buda fazê-lo. Assim, quando o Buda resgata seres viventes, são de fato os seres viventes que se resgatam. O Buda não leva seres viventes à travessia, porque ele não possui a marca do ‘eu’.