“É como se existisse um bom médico, sábio e bem versado nas artes medicinais, inteligente e habilidoso na cura de uma infinidade de doenças. Este homem também tem muitos filhos, talvez dez, vinte ou mesmo cem. Então, solicitado pela clientela distante, ele viaja para um longínquo país estrangeiro. Neste ínterim, as crianças tomam algum veneno, que lhes faz rolar no chão em delírio”.
“Apenas então seu pai retorna para casa. Em razão de terem tomado veneno, alguns dos filhos perderam os sentidos, enquanto outros não. Vendo seu pai à distância, ficaram todos muito felizes. Eles curvaram-se para ele, ajoelharam e depois lhe informaram: ‘Seja bem-vindo em paz e segurança. Em razão de nossa tolice, tomamos algum veneno por engano. Rogamos que nos recupere, cure-nos, e devolva-nos nossas vidas’”.
“Vendo seus filhos em tal agonia, o pai consultou suas receitas médicas e então procurou por finas ervas, boas na cor, no aroma e no sabor. Ele então as moeu, peneirou-as, misturou-as e deu aquele composto para seus filhos tomarem. E disse-lhes: ‘Este é um excelente remédio de boa cor, aroma e sabor. Tomem-no. Sua agonia será aliviada, e não sofrerão mais tormento’. Alguns entre as crianças não haviam perdido seu sentido. Vendo aquele fino remédio com sua boa cor e aroma, imediatamente tomaram-no e sua doença foi curada completamente”.
“Embora os outros que haviam perdido os seus sentidos tenham se alegrado com a chegada do seu pai, tendo indagado sobre o seu bem-estar e procurado a cura para a sua enfermidade, recusaram-se a tomar o remédio. Qual a razão? O veneno havia penetrado-lhes tão profundamente que eles tiveram a perda dos seus sentidos, e assim diziam que o remédio de boa cor e aroma não era bom”.
“O pai então pensou: ‘quão lamentáveis são estas crianças! O veneno confundiu seus pensamentos. Embora tenham se alegrado em ver-me e me solicitado que os recuperasse e curasse, ainda assim recusam um remédio tão bom como este. Devo agora utilizar-me de um meio hábil para induzi-los a tomar este remédio’. Imediatamente ele disse: ‘Saibam que já estou velho e fraco, e minha morte está próxima. Deixarei aqui este bom remédio para seu benefício. Não tenham preocupações de que ele não os curará’. Tendo instruído-lhes dessa maneira, ele então retornou para aquele longínquo país estrangeiro e de lá enviou um mensageiro para anunciar: ‘Seu pai morreu’”.
“Quando as crianças ouviram que seu pai havia morrido, seus corações encheram-se de dor, e eles pensaram: ‘se nosso pai estivesse aqui, ele seria compassivo, sentiria piedade de nós, e teríamos um salvador e protetor. Agora ele abandonou-nos ao morrer num outro país, deixando-nos órfãos, e sem ninguém em quem confiar’. Constantemente sofrendo, suas mentes então despertaram. Eles compreenderam que aquele remédio possuía boa cor, aroma e sabor. Tomaram-no imediatamente, e sua doença por envenenamento foi completamente curada. O pai, ouvindo que seus filhos tinham sido completamente curados, então retornou e todos eles viram-no”.
“Bons homens, o que pensam, poderíamos dizer que este bom médico cometeu a ofensa do falso testemunho”?
“Não, Honrado pelo Mundo”.