O Homem e o Meio Ambiente – 3a. Parte

“Não somos nós os responsáveis pelo meio ambiente. Nós somos o meio ambiente.”

Índio Uiri Tembé, da nação Tembé.

Ao ouvir esta frase, embora a flexa ainda se encontrasse em pleno vôo, eu já sentia: ele me acertou. Nos momentos seguintes, ainda cambaleante, comecei a experimentar o veneno mortal do dardo que me atingira, pensando assim:

Não somos nós os responsáveis pelos nossos flhos. Nós somos os nossos filhos;

Não somos nós os responsáveis pelos descaminhos da nossa sociedade.Nós somos esses descaminhos;

Não somos nós os responsáveis pelos nossos atos. Nós somos os nossos atos.

Assim por diante, percebi que o veneno era mortal para o pensamento comum, para visões distorcidas. Os venenos comuns, antes de matar, atordoam e embaçam a visão. Este, pelo contrário, me fazia sentir de pé, ereto, e clareava a minha visão.

Essa dicotomia do título – “O Homem e o Meio Ambiente” – só pode existir como produto de uma visão distorcida. A nossa sociedade não é responsável pela degradação, pelo lixo acumulado por todo o lado, e pela violência das agressões aos sistemas naturais. Ela, a sociedade, é essa degradação, é esse lixo, é violenta e bruta. O princípio da frase dita pelo índio funciona. O veneno da sua flexa não é um veneno, mas um remédio.

Em meio à viagem de volta à realidade, lembrei Nitiren Daishonin que dizia: “Não há uma terra pura e impura ao mesmo tempo. A diferença está na mente das pessoas”. Aquele índio pegou essa sabedoria, misturou-a com as ervas medicinais da sua cultura prestes a desaparecer, preparou e atirou aquela flexa.

Marcos Ubirajara.
Em 31/01/2009, ainda no FSM2009.

O Homem e o Meio Ambiente – 1a. Parte.

O Homem e o Meio Ambiente – 2a. Parte.