O rei ficou cansado de esperar pelo seu retorno. A cada dia, o desejo de ver o seu filho tornava-se mais intenso, e ele enviou um outro mensageiro ao Bosque dos Bambús. Mas, pelo retorno desse homem, ele também esperou em vão. Nove vezes ele enviou mensageiros ao Bem-Aventurado, e nove vezes os mensageiros, ao ouvirem as palavras sagradas, decidiram ficar e tornarem-se monges.
Suddhodana finalmente convocou Udayin.
“Udayin”, disse ele, “como você sabe, dos nove mensageiros enviados para o Bosque dos Bambús, nenhum retornou, nenhum enviou-me sequer uma palavra de como a minha mensagem foi recebida. Eu não sei se eles falaram ao meu filho, se eles ao menos viram-no. Isto me aflige e entristece, Udayin. Sou um homem velho. A morte está à espreita por mim. Posso ainda estar vivo amanhã, mas seria temerário contar com os dias que se seguirão. E antes que eu morra, Udayin, quero ver meu filho. Você foi o seu melhor amigo; vá até ele agora. Não posso imaginar alguém que pudesse ser mais bem-vindo (por ele). Diga-lhe da minha aflição; diga-lhe do meu desejo, e talvez ele não fique indiferente!”
“Eu irei, meu senhor”, respondeu Udayin
Ele foi. Muito antes de ter chegado ao Bosque dos Bambús, ele havia condicionado a sua mente para tornar-se um monge, mas as palavras do Rei Suddhodana haviam lhe afetado profundamente, e ele pensou: “Direi ao Mestre sobre a aflição do seu pai. Ele se compadecerá e irá a ele.”
O Mestre ficou feliz ao ver Udayin tornar-se um de seus discípulos.
O inverno estava quase no fim. Era um tempo favorável para viajar e, certo dia, Udayin disse ao Buda:
“As árvores estão brotando; logo estarão em folhas. Veja os raios brilhantes do sol reluzindo através dos seus galhos. Mestre, este tempo é bom para viajar. Não está mais frio, e nem muito quente; e a terra veste-se num lindo manto verde. Não teremos problemas para encontrar alimento no caminho. Mestre, este é um tempo bom para viajar.”
O Mestre sorriu para Udayin e respondeu:
“Por que você me instiga a viajar, Udayin?”
“Seu pai, o Rei, ficaria feliz em vê-lo, Mestre.”
O Buda considerou por um momento, e então disse: “Irei à Kapilavastu; irei e verei meu pai.”
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm