Devadatta estava ansioso para suceder o Buda como líder da comunidade. Certo dia, ele disse ao Rei Ajatasatru: “Meu senhor, o Buda o despreza. Ele odeia você. Você deve condená-lo à morte, pois sua glória está em jogo. Envie alguns homens ao Bosque dos Bambús ordenados para matá-lo; eu mostrarei o caminho.”
Ajatasatru foi facilmente persuadido. Os assassinos foram ao Bosque dos Bambús, mas quando eles viram o Mestre, caíram aos seus pés e adoraram-lhe. Isso adicionou combustível à fúria de Devadatta. Ele foi ao estábulo real onde um elefante selvagem era mantido, e subornou os guardas para soltá-lo quando o Mestre estivesse passando, de tal maneira que o animal pudesse atacá-lo com suas presas ou esmagá-lo sob suas patas. Mas ao avistar o Mestre, o elefante tornou-se dócil, e indo até ele, aspirou a poeira dos robes sagrados com sua tromba.

E o Mestre sorriu e disse:
“Esta é a segunda vez, graças a Devadatta, que um elefante presta homenagem a mim.”
Então o próprio Devadatta tentou atacar o Mestre. Ele o viu meditando sob a sombra de uma árvore; e teve a audácia de atirar uma pedra angulosa sobre ele. A pedra atingiu-lhe o pé; e a ferida começou a sangrar. O Mestre disse:
“Você cometeu uma grave ofensa, Devadatta; a punição será terrível. São inócuos seus atentados criminosos contra a vida do Bem-Aventurado; ele não vai encontrar-se com uma morte prematura. O Bem-Aventurado morrerá por vontade própria, e na hora que ele escolher.”
Devadatta fugiu. Ele decidiu que não mais obedeceria as regras da comunidade e, onde fosse, procuraria seguidores de si próprio.
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm