O Mestre foi envelhecendo. Quando ele estava em Rajagriha, convocou uma assembleia dos Monges, e pregou-lhes longamente:
“Monges, não esqueçam os preceitos que lhes dei. Mantenha-os em observância cuidadosamente. Vocês reunir-se-ão duas vezes ao mês, e confessarão suas transgressões uns aos outros. Se sentirem que cometeram o mal, e guardá-lo para si, serão culpados de uma mentira. Admitam a sua transgressão: a confissão lhes trará conforto e paz. Os quatro mais graves pecados que um Monge pode cometer, como vocês sabem, são: manter relações sexuais com uma mulher; roubar o que quer que seja; matar um ser humano ou instigar um assassinato; e pretender possuir um poder sobre-humano que ele sabe não possuir. Um Monge que cometeu um desses quatro pecados deve ser expulso da comunidade. Monges, não troquem palavras com mulheres, e não corrompa-lhes. Não levantem falso testemunho contra seus irmãos. Não tentem plantar a discórdia na comunidade. Não relutem para escapar de uma repreensão. Nunca mintam, ou insultem alguém. Observem cuidadosamente, oh Monges, todos os preceitos que lhes dei.”
Ele ainda disse:
“Seriedade é o domínio da imortalidade; frivolidade, o domínio da morte. Aqueles que são sérios não morrem; os que são frívolos estão sempre mortos. Portanto, o sábio deve ser sério. O sábio atinge a suprema benção, Nirvana. Aquele que é enérgico vê a sua glória crescer e pode reconhecer quem pensa honestamente e age deliberadamente, quem é casto, quem vive dentro da lei, e quem é sério. Os tolos e aqueles de mente fraca buscam a frivolidade; o sábio entesoura a seriedade assim como um avarento o seu ouro. O Monge que seja sério, que veja o perigo da frivolidade, sacode as más leis como o vento o faz com as folhas; ele rompe as amarras que atam-lhe ao mundo; ele está próximo do Nirvana. Do terraço da sabedoria, liberto de todos os sofrimentos, o homem sério que conquistou a frivolidade contempla a multidão infeliz; assim como, do cume de uma montanha, pode-se contemplar a multidão nas planícies abaixo.”
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm