2. O Mahasattva possui Grande Sabedoria. Sua grande sabedoria é evidente em sua resolução de alcançar o Bodhi. Sem sabedoria, tal decisão não poderia ser tomada. As boas raízes e a sabedoria adquiridas do cultivo nas vidas passadas habilitam as pessoas a ler os sutras e participar nas sessões do dhyana. Uma pessoa carente de boas raízes, desde o momento em que ela adentrou a porta do monastério, sentiria o seu coração palpitando como se fosse habitado por um macaco, e batendo com tanta força que permanecer de pé seria desconfortável e sentar seria insuportável. Ela pareceria um deus manifestando as Cinco Marcas do Decaimento, contorcendo-se e agitando-se em seu assento e, finalmente, fugindo.
Do contrário, muito embora eu ameace bater em meus discípulos, e repreenda-os diariamente, eles não fogem. Por que eles não fogem? Porque eles possuem boas raízes. Não pense que um golpe de um bastão de incenso seja fácil de suportar. Não é brincadeira. Todos vocês que ainda não se tornaram iluminados são candidatos a apanhar. Até agora eu devo ter batido em todos vocês em desenvolvimento. Minha intenção é conduzir todos vocês à iluminação.
Não somente se deve ter grande sabedoria e a resolução de realizar o Bodhi, mas deve-se também resgatar extensivamente os seres viventes. O Portal Universal do Bodhisattva Avalokitesvara (do Sutra de Lótus) exemplifica essa resolução. Todavia, ao conduzir os seres viventes, não se deve tornar-se apegado aos feitos (metas) para conduzi-los como fez o Imperador Wu da Dinastia Lyang. Quando ele conheceu o Primeiro Patriarca, Bodhidharma, ele disse: “Olhe para mim. Eu tenho ajudado muitos monges a deixar a vida familiar. Tenho construído muitos templos, construído tantas pontes – quantos méritos você diria que adquiri?” Ele demonstrou um apego arrogante aos feitos (marcas), e continuou enfatizando o ponto: “Olhe quão grande é o meu mérito. Embora você seja um Mestre do Dharma da India, duvido que você possua mais méritos do que eu”. O Imperador esperava que o Patriarca Bodhidharma elogiasse o seu mérito como vasto e ilimitado. Mas, “a mente correta é o campo da iluminação”, e o Bodhidharma simplesmente disse: “Você não tem mérito algum”.
O Imperador Wu ouviu essas palavras como se tivesse sido atingido por um duro golpe, e respondeu: “Por que (logo) você monge da cara preta. Como pode dizer tal coisa para mim?” Ele então se recusou a reconhecer o Patriarca, e uma vez que o Imperador não mais receberia o seu ensinamento, o Bodhidharma partiu.
O Imperador realmente vinha conduzindo os seres viventes, mas havia se apegado ao objetivo de conduzi-los, e buscou a certificação do patriarca. Quem poderia imaginar que o Bodhidharma lhe olharia diretamente nos olhos como se disesse: “Não me importo se você é o Imperador, recuso submeter-me ao seu decoro Imperial”. O Imperador carecia de sabedoria genuína, e assim tornou-se apegado aos feitos (marcas).