Sobre Consumir Carnes

Resposta a um Leitor

O Leitor escreveu:

Ola! Como vai?

Sempre estou lendo algo de seu blog, muita matéria, parabéns. Tenho procurado estudar o Sutra de Lótus sobre o assunto “comer carne”. Apesar de minha organização não se pronunciar sobre o assunto, venho sozinho “desatando alguns nós” como o sr. me disse uma vez. O sr. conhece sobre esse assunto?

Muccamargo escreveu:

Olá Leitor!

Esse assunto é delicado, pois, de linhagem para linhagem do Budismo, esse assunto é abordado de forma diferente. Uma coisa é certa: no ensino ortodoxo do Budismo Mahayana, quando fazemos uma refeição nós praticamos as Três Recordações, quais sejam:

1. Faço voto de erradicar todo o mal;
2. Faço voto de praticar somente o bem;
3. Faço voto de levar todos os seres vivos à travessia do mar do sofrimento.

Ora, fica claro que deveríamos “matar” um ser vivo para nos alimentarmos somente em situações extremas e, mesmo assim, com um forte sentimento de compaixão por aquele ser, pois fazemos votos de conduzi-los à outra margem do oceano do nascimento e da morte. Se você mantiver essas Três Recordações em seu coração, irá diminuindo a ingestão de carnes naturalmente, não através de uma proibição, mas através de um verdadeiro sentimento de compaixão para com todos os seres.

Guarde esse ensinamento (que é do Buda) para o resto de sua vida. Não dê atenção para as tergiversações que andam por aí.

Grande abraço!

Marcos Ubirajara.

O Leitor escreveu:

Fiquei muito feliz por ter recebido seu e-mail. (Há pouco tempo pensei que não tivesse ido com a minha cara, por ser de uma outra linha do Budismo).

Sua resposta foi exatamente o que imaginava, mas não tinha certeza. Outro dia vi uma reportagem sobre os nômades que andam de um lugar para o outro no pólo norte, e carregam com eles animais para se alimentarem, até mesmo porque eles não cultivam sementes, são andarilhos.

Então pude ver a forma como eles matavam o animal, com um pequeno corte perto do coração, colocavam a mão e obstruíam uma veia, o animal falecia sem dor e sem sofrimento. Eu achei isso um imenso respeito pelo animal, e bate com sua resposta, somente em casos extremos como esse seria devido.

Sr. Marcos, eu sou Budista convertido há pouco tempo. Frequento minha organização, porém, não sou alienado e não fico achando que outras linhas do Budismo sejam erradas, por isso eu sou livre para ler outras matérias, de outra linhagem, mas de preferência do BUDA NITIREN DAISHONIN, como a sua.

(até mesmo porque uma resposta como a sua seria difícil receber da minha organização, nada contra, são só diferentes formas de pensar.)

Sr. Marcos, muito obrigado por sua atenção e tempo, fico à disposição para podermos conversar sobre esse nosso caminho ILUMINADO e maravilhoso que é nosso Budismo.

Que os Budas do Universo estejam sempre em harmonia como o Sr!

abraço!

Muccamargo respondeu:

Salústio
Caio Salústio Crispo foi um dos grandes escritores e poetas da literatura latina.
Click na imagem para site de origem.

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

4 comentários

  1. Muito bem dito/escrito!

    Diferentemente de outros ensinamentos, o Dhamma de Buddha aponta para um vegetarianismo-fruto, resultado do gradual penetrar no caminho do meio que é o Nobre Caminho Óctuplo.

  2. “A Iluminação, nos Últimos Dias da lei, acontecerá através da audição”.
    É saboroso perceber diálogo respeitoso e produtivo entre as pessoas. Pouco importando o ensino que abraçam, se entre esses houver o exercício salutar do saber ouvir.

    Muito bom!

  3. A minha condição de vegetariano aconteceu naturalmente, não foi um imposição, portanto não constitui uma questão de manter força de vontade. Não preciso justificar esta ação, mas concordo com o budismo.
    Quero acrescentar este texto:

    Mente, Alimentação e Fisionomia. Pg 137

    Quando o mestre Kobo comeu a carne de javali que fazia parte da oferenda de um adepto, o eremita que viu isso o injuriou, chamando-o de “monge mundano”. Então o mestre Kobo disse “Vamos vomitar o que ingerimos e verificar quem de nós comeu a carne de javali”. Assim, os dois regurgitaram o que acabaram de comer, e constatou-se que no estomago do mestre Kobo não havia carne de javali…
    Como a vida do mestre Kobo trabalha para salvar as pessoas, quando ele come, o alimento se dilui na misericórdia de Buda que trabalha para essa salvação; embora pareça ter-se alimentado de carne, na verdade não a ingeriu, porque estava envolvido na misericórdia. Esse fato foi comprovado quando o mestre Kobo regurgitou aquilo que acabara de comer… etc.

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