O Orgulho de Nanda

Ele sentia um grande orgulho por ter conquistado as suas paixões. “Eu sou um verdadeiro santo”, disse para si, “e em virtude, não me darei por vencido nem pelo meu irmão.”

Fez um robe para si do mesmo tamanho que o do Mestre. Alguns monges viram-lhe à distância, e disseram:

“Ai vem o Mestre. Vamos nos levantar e cumprimentar-lhe.”

Mas conforme Nanda se aproximou, eles viram o seu engano. Sentiram-se envergonhados, e conforme sentaram-se novamente, disseram:

“Ele não tem permanecido na comunidade tanto quanto nós; por que deveríamos levantar na sua presença?”

Nanda tinha sentido prazer em ver os monges levantarem-se em sua aproximação; e sentiu-se envergonhado ao vê-los sentarem-se novamente. Mas ficou receoso de reclamar; sentindo que eles lhe culpariam. No entanto, não lhe serviu de lição; e ele continuou a caminhar através do Bosque dos Bambús, vestindo um robe que era semelhante ao do Buda. À distância, ele era tomado pelo Mestre, e os monges levantariam dos seus assentos; mas ao se aproximar, eles ririam e sentariam novamente.

Finalmente, um monge foi ao Buda e lhe falou. Ele ficou muito descontente. Reuniu os monges, e na frente de todos eles, perguntou a Nanda:

“Nanda, você de fato veste um robe do mesmo tamanho que o meu?”

“Sim, Bem-Aventurado!”, respondeu Nanda; “eu vesti um robe do mesmo tamanho que o vosso.”

“O quê!”, disse o Mestre, “um discípulo se atreve a fazer um robe para si do mesmo tamanho que o do Buda! O que você quer dizer com tal audácia? Uma ação deste tipo não contribui para despertar a fé do crente, nem ajuda a fortalecer a fé do crente. Você deve encurtar o seu robe, Nanda, e no fututro, qualquer monge que faça um robe para si do mesmo tamanho que o do Buda, ou maior que o do Buda, estará cometendo uma grave ofensa, uma ofensa pela qual ele será severamente punido.”

Nanda viu o erro de seus modos, e percebeu que para ser um verdadeiro santo, ele teria que conquistar o seu orgulho.

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].

Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

Deixar um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: