Mas os monges ainda olhavam para ele com desaprovação. Não falariam mais com ele; e frequentemente, quando o encontravam no Bosque dos Bambús, lhe sorriam com desdém. Isto lhe fez infeliz. Ele pensou: “Eles parecem tolerar-me com má vontade; eu me pergunto por quê?” Certo dia, ele parou Ananda que estava de passagem, e indagou-lhe:
“Por que os monges me evitam? Por que você não fala mais comigo, Ananda? Anteriormente, em Kapilavastu, éramos amigos, bem como parentes. O que fiz para ofendê-lo?”
“Pobre homem!”, respondeu Ananda. “Nós, que meditamos sobre as verdades sagradas, fomos proibidos pelo Mestre de falar com você, que medita sobre os encantos de uma Apsara!”
E o deixou.
Nanda ficou muito perturbado. Correu para o Mestre; caiu aos seus pés e chorou. O Mestre disse-lhe: “Seus pensamentos são maus, Nanda. Você é escravo dos seus sentimentos. Primeiro foi Sundarika, agora é uma Apsara que vira a sua cabeça. E você renasceria! Renasceria em meio aos Deuses? Que loucura, que vaidade! Esforce-se para alcançar a sabedoria, Nanda; dê atenção aos meus ensinamentos, e mate suas paixões devoradoras.”
Nanda ponderou as palavras do Buda. Tornou-se um discípulo muito obediente, e gradualmente purificou o seu pensamento. Sundarika não mais aparecia-lhe em sonhos, e agora, quando ele pensava na Aspara, ele ria de ter desejado tornar-se um Deus por causa dela. Um dia, quando ele viu a macaca hedionda fitando-lhe do topo de uma árvore, ele gritou numa voz triunfante:
“Salve, você que Sundarika não pode se igualar em graça; salve, você que é mais bonita até que a mais bela Aspara!”
A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].
Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm