
Chih-i sentia alguma insatisfação com a análise metafísica essencialmente negativa dos ensinamentos do Madhyamaka (como é visto pelo fato de que, nos ‘Cinco Períodos’ do seu esquema de classificação doutrinária, o período do Prajñā-pāramitā não é o período final). Assim, Chih-i propôs as Três Verdades: as verdades da vacuidade (śūnyatā), transitoriedade, e (caminho) médio. Chih-i também resgatou essa verdade do caminho médio de um tratado da ontologia do ser (concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres) que afirmava haver um agente operacional dentro do universo. Ao passo que os ensinamentos da vacuidade do Madhyamaka afirmavam como as coisas existiam de forma seca e estática, Chih-i caracterizou a natureza final das coisas como consciência (vijñāna), cunhando o termo ‘Natureza-de-Buda do Caminho-Médio’. A mente onisciente do Buda presente em toda a realidade fenomenal, e assim todas as coisas no mundo eram parte da consciência do Buda. Dessa forma, essa mente absoluta operava através de todas as coisas trabalhando compassivamente pela libertação de todos os seres. O fato de que essa mente encontrar-se-ia tanto nos fenômenos puros como impuros, levou T’ien-t’ai a abraçar um ensino único: que a mente absoluta possui aspectos tanto puros como impuros; em outras palavras, que as coisas imorais e impuras no mundo serviam como o veículo para a atividade de salvação do Buda, tanto quanto as coisas que eram puras. T’ien-t’ai é a única escola do Budismo Chinês que atribui aspectos impuros à Mente-do-Buda. Para T’ien-t’ai, todavia, isto era simplesmente uma consequência lógica da atribuição da onisciência à Mente-do-Buda que perceberia todas as coisas, e assim incorporaria todas as coisas em si, quer puras ou impuras, e faria uso dessas para chegar a todos os seres.
Fonte: DAMIEN KEOWN. “T’ien-t’ai.” A Dictionary of Buddhism. 2004.Extraído da Encyclopedia.com: http://www.encyclopedia.com/doc/1O108-Tientai.html
Tradução livre para português brasileiro por muccamargo.